Ponto de partida para o planejamento de um centro de recursos para educação e ministério

Você pensou em incluir uma biblioteca em um ministério educacional, ou talvez precise revitalizar uma biblioteca que já existe? Aqui está um ponto de partida para pensar em um centro de recursos que pode beneficiar um programa de educação teológica ou o programa educacional na igreja local .

O termo biblioteca, do grego biblios que significa livro, expressa a ideia de gestão de uma coleção de livros. Em contraponto, a realidade tecnológica atual oferece a informação em vários outros formatos além do livro e abre a possibilidade de gerenciar conteúdos e interagir com um programa educacional rompendo as barreiras espaciais. No meio educacional cristão, um centro de recursos para educação e ministério  interage com o programa de educação teológica e dirige-se à necessidade de formação continuada para a edificação pessoal e o ministério, aproveitando o desenvolvimento da tecnologia da informação aplicada à educação. Ele é um centro que agrega e dissemina a informação, apoia e participa ativamente da educação cristã e teológica.

Um espaço que conecta à INFORMAÇÃO, proporciona FORMAÇÃO e contribui na TRANSFORMAÇÃO de vidas.

1.  MOMENTO E VISÃO

Um centro de recursos comprometido com a educação cristã e teológica, atualizado e participativo, é um espaço educacional que se une aos demais espaços tradicionalmente reconhecidos como, por exemplo, a sala de aula. Com atuação transversal no programa educacional da instituição a que pertence, o centro de recursos é um agente educacional.

Tradicionalmente, as bibliotecas dos ministérios educacionais ou de igrejas locais desempenharam o papel de intermediárias entre os usuários e os livros. Com os avanços da tecnologia e com uma nova visão de participação no campo da educação, a ideia da biblioteca concebida apenas como um lugar onde os livros são classificados, guardados e emprestados ficou relegada ao passado.

Falando das bibliotecas em geral, Murilo B. da Cunha, professor da Universidade de Brasília, traçou um prognóstico para os próximos anos que destaca a necessidade da biblioteca passar por mudanças no sentido de se colocar como parceira no processo de ensino-aprendizagem, atualizada no campo da tecnologia, buscando aparelhar-se para atuar de forma competente na educação. Suas palavras aplicam-se perfeitamente também às bibliotecas no contexto ministerial. “Aquela biblioteca que der um passo nesse processo de mudança irá renascer. As outras que, à semelhança de um avestruz ameaçado, enterrarem suas cabeças na areia, defendendo rigidamente o status quo, ou, o que é pior, conservarem alguma visão idílica do passado, correrão grande risco e terão pouca chance de serem reconhecidas como instituições necessárias.” [1]

Por um lado, o papel de coletar, tratar, armazenar e disseminar a informação impressa ainda é relevante. Dar as boas-vindas aos recursos da tecnologia não significa uma apologia da morte do acervo impresso. Entretanto, a ênfase não está mais em possuir um acervo, mas em conduzir à informação. [2] Não devemos nos concentrar apenas em disponibilizar um item impresso, mas em cumprir a tarefa de dar acesso à informação em diferentes meios e participar da formação do usuário nos aspectos de habilidade de busca e uso competente dos recursos.

Ao dar os primeiros passos no planejamento de um centro de recursos, a visão deve ser de um centro de excelência para a coleta, gestão e disseminação de recursos para a edificação pessoal e formação bíblico-teológica e ministerial.

2. MISSÃO E VALORES

O propósito de um centro de recursos é alcançado quando ele atua como intermediário entre o usuário e a informação, mas também contribui para que as pessoas aprendam a ENCONTRAR informação em diversos meios, que permita conhecer e interpretar corretamente a Palavra de Deus e viver o dia-a-dia neste mundo à luz da Palavra, AVALIAR criticamente o que leem, ouvem e veem, e USAR com criatividade a informação e os meios de divulgação da informação para crescimento pessoal e também para participarem do plano de Deus ministrando a verdade bíblica com relevância.

Um centro de recursos existe para dar apoio à instituição na qual está inserido contribuindo para a informação e a formação de três diferentes segmentos de usuários: os formadores de líderes, os líderes e o corpo de Cristo em geral. Dependendo da missão e visão institucional, ele pode também ser um instrumento para atingir a comunidade ao redor da igreja ou escola.

A educação cristã pode ser definida como “o esforço deliberado, sistemático e sustentado, divino e humano, de compartilhar ou adquirir conhecimento, valores, atitudes, habilidades, sensibilidades e comportamentos que compõem ou são compatíveis com a fé cristã”. [3] O propósito da educação cristã é conduzir o crente a conhecer e adorar o seu Criador, comprometida com a verdade absoluta da Palavra de Deus, a fim de crescer à imagem de Cristo e cumprir seu propósito ministerial. A educação teológica pode ser entendida como o esforço que busca “a capacitação do povo de Deus para o serviço do reino. Essa capacitação deve ter como resultado pessoas aptas para as tarefas pastorais e educativas implicadas na formação do povo de Deus para o cumprimento de sua missão no mundo”. [4]

Nesse contexto educacional, um centro de recursos cumpre sua missão alicerçado em:
integração e colaboração com os ministérios aos quais oferece apoio;
educação continuada, que enfatiza a busca e uso autônomo e criterioso da informação como um estilo de vida;
criatividade e inovação, que aplicam à educação teológica os conceitos e práticas mais recentes da ciência da informação;
 excelência nos serviços presenciais e virtuais.

3. PLANEJAMENTO

Antes de dar início às atividades, o plano estratégico de um centro de recursos deve ficar definido. É uma prática recomendável permitir que todos conheçam a visão, a missão, os valores e planos do ministério, não só a título de informação, mas como expressão de um compromisso e incentivo ao seu cumprimento.  É preciso investir tempo também na redação dos documentos necessários para dar orientação segura para as atividades e permitir a continuidade ao longo do tempo. No entanto, é bom lembrar que eles estão sujeitos a revisões periódicas à medida que tanto as necessidades ministeriais quanto a tecnologia passam por transformações constantes.

O planejamento estratégico precisa incluir visão, missão e valores, levar em conta o contexto e fazer um levantamento das forças e oportunidades bem como das fraquezas e ameaças ou limitações. Precisa traduzir tudo isso em objetivos e metas executáveis, atingíveis e mensuráveis. Ele deve se alinhar com o planejamento estratégico institucional. Se deixarmos de planejar, um centro de recursos ficará sem foco. As pessoas envolvidas no ministério não saberão para onde caminham nem terão motivação para continuar.

“Uma organização secular quase nunca embarca em uma atividade ou programa sem antes avaliar todos os ângulos”, escreve Solano Portela, “mas no campo evangélico, a questão é ‘confiar em Deus’, e como não há nada de errado nisso, seguimos sem planejar”. [5] Planejar, no entanto, não elimina a direção de Deus no nosso ministério; apenas nos ajuda a organizar as oportunidades, ideias e recursos, e a entender melhor o que Deus tem para que façamos. Embora sem perder a perspectiva daquilo que é eterno, compete-nos planejar como bons mordomos. Uma construção sem cálculo é estultícia e um cálculo sem submissão a Deus é futilidade.

Planejamento não é um evento pontual. O ambiente dinâmico no qual um centro de recursos está inserido interna e externamente sinaliza para um processo de revisão periódica dos planos. As correções de rota são feitas sobre o alicerce de um planejamento estratégico inicial traçado para longo prazo. Já o planejamento tático, em médio prazo, verifica se os objetivos são alcançados e as estratégias implementadas, e traça ações de correção quando necessário. O planejamento operacional inclui a elaboração de planos em curto prazo e o controle de execução eficaz das tarefas planejadas.

flexibilidade, a inovação e a criatividade são três aspectos importantes para um centro de recursos. Ainda assim, é necessário ter um organograma e responsabilidades bem definidas na descrição de tarefas. “A estrutura é a ‘coluna dorsal’, que estabelece funções e hierarquias, afetando o grau de cooperação interna, a liberdade para contatos externos, o fluxo entre as fronteiras departamentais, a intensidade e direção de comunicação entre liderança e subordinados, as formas e estratégias de negociação e o processo decisório, entre outros.” [6]

Outros documentos são necessários. A política de acervo dá critérios para seleção, aquisição e descarte, lembrando que qualidade é mais importante que quantidade. A política de indexação dá critérios para a uniformidade, relevância e especificidade de assuntos e linguagem que representam os itens do acervo e permitem a melhor recuperação da informação pelo usuário. A política de uso de redes sociais inclui critérios de postagem e moderação de conteúdo. O regulamento de uso das instalações e do acervo local estabelece critérios quando esses serviços são disponibilizados. O manual operacional garante a qualidade e continuidade do trabalho.

4. PROGRAMA

É preciso identificar os vários grupos de usuários e oferecer serviços especificamente dirigidos a cada um, de forma proativa, relevante e criativa, tanto na prática presencial quanto na remota. É importante fazer pesquisas, buscando conhecer o usuário, suas necessidades, opiniões e sugestões.

A atuação de um centro de recursos pode ser considerada em três grandes áreas. Elas não são estanques, mas interagem e se completam nas possibilidades de expressão.
Acervos − A gestão das diversas coleções que compõem o acervo – livros, Cds, DVDs, periódicos, materiais visuais e outros recursos adequados a diferentes tipos de usuários e faixas etárias – e dos serviços que permitem o uso como, por exemplo, ambientes e equipamentos para pesquisa, leitura e estudo, serviços de empréstimo, convênio com outras instituições.
● No que diz respeito à FORMAÇÃO DO ACERVO, o trabalho acontece dois momentos de seleção: a aquisição – seja por compra, permuta ou doação — e o descarte, ambos visando a manter a atualidade e qualidade da coleção.
● O passo seguinte é o REGISTRO E PROCESSAMENTO DO ACERVO, quando cada novo recursos é indexado, classificado e catalogado.
● No caso de acervos físicos com livros periódicos e mídias, a PRESERVAÇÃO DO ACERVO consiste em um trabalho de conservação, que inclui limpeza, conserto dos recursos danificados e outros cuidados neceSsários.

Educação − Uma ação educacional que tem por objetivo oferecer:
●  incentivo ao uso dos recursos. Ferramentas: guias temáticos, bibliografias, resenhas, boletim informativo, sumários de periódicos, uso de blog e redes sociais;
●  capacitação informacional individual ou em grupos para aquisição de um conjunto de valores, conhecimentos e competências ligados à pesquisa, organização, produção e transmissão do conhecimento. Ferramentas: tutoriais sobre pesquisa e estudo, monitoria individual, oficinas para grupos, panfletos, marcadores de livro;
●  apoio na atualização dos usuários e na pesquisa bibliográfica. Ferramentas: curadoria da informação (seleção, organização e divulgação de conteúdo on-line de qualidade e relevante para o universo de usuários), disseminação geral e seletiva (por grupos de interesse) da informação, levantamentos bibliográficos;
●  projetos e eventos diversos: clubes de leitura por áreas interesse, palestras com autores ou discussão de livros e filmes atuais, projetos missionários para ajudar outras igrejas/escolas a estabelecerem o ministério de um centro de recursos.

Divulgação − A divulgação de produtos e serviços. O serviço de disseminação pode trabalhar em estreita ligação com, ou mesmo integrar, um ministério de produção de recursos (apostilas, livros, mídias com gravações de palestras e pregações). Ferramentas: expositores, boletim informativo, mural, marcadores de livro, blog e outros serviços oferecidos pela web 2.0.

5. PESSOAS E PARCERIAS

Um centro de recursos deve contar com uma equipe que recebe o investimento, orientação clara e acompanhamento de um coordenador. Trabalhar em equipe significa interagir, confiar, comunicar, valorizar diferenças, atuar em sinergia e dar feedback transparente e construtivo.  Deve haver união marcante e rumo definido dentro da equipe de um centro de recursos. No entanto, esta equipe não pode ignorar a interação com as demais equipes ministeriais da igreja ou escola. Pelo contrário, ela precisa andar junto com o corpo como um todo, precisa conhecer e colaborar com os ministérios aos quais ela serve.

Um centro de recursos é um ministério para uma equipe multidisciplinar, disposta a investir tempo e esforços para servir a Deus. São várias as tarefas e elas requerem diferentes dons e talentos para atuar, por exemplo, em pesquisa e organização da informação, formação e catalogação do acervo, etiquetagem e manutenção, atendimento de usuários, informática e comunicação na web, ensino, entre outras. O processo de formação da equipe tem início com o recrutamento de pessoas interessadas no ministério. No entanto, o simples fato de várias pessoas trabalharem juntas não faz delas uma equipe. É preciso que o foco de cada membro da equipe esteja em um conjunto de metas que todos conhecem e pelas quais todos se sentem responsáveis, embora as funções estejam bem definidas e a participação de cada um seja de acordo com sua capacitação.

Duas características devem marcar o coordenador de um centro de recursos. A primeira é paixão ministerial − o compromisso de servir a Deus e ao próximo de todo coração com seu tempo e seus esforços. A segunda é competência − o conjunto de habilidades, conhecimentos e experiências que dão qualidade ao projeto. [7] Um coordenador precisa ser um investigador permanente do perfil dos seus usuários, dos novos recursos informacionais, novas possibilidades de serviços, novas tecnologias e parcerias. [8] E como líder que serve a Cristo, ele serve a sua equipe e focaliza pessoas e não apenas processos, embora estes devam ser cumpridos com seriedade.

Além de uma “equipe ministerial centro de recursos”, é bom formar um grupo de “amigos do centro de recursos” que inclua:
● colaboradores que contribuam com seu conhecimento específico. Diagramação de uma newsletter, um logo, um vídeo de apresentação do ministério, a avaliação e instalação de um novo software, são apenas algumas das possibilidades;
● professores e pastores que participem com seu conhecimento teológico e ministerial, dispostos a serem consultores, fazerem indicações de recursos e escreverem resenhas e artigos;
● voluntários para trabalhar com grupos de usuários de faixas etárias específicas, consertar os itens danificados do acervo, e outra atividades mais.

6. PATRIMÔNIO E ACERVO

O ministério de um centro de recursos certamente é enriquecido por um acervo impresso que favorece aquelas pessoas que não dispõem de recursos para a aquisição dos itens para uso pessoal. [9] Ressaltamos, porém, que um centro de recursos não depende em essência de um acervo local impresso, assim como apenas a existência de um acervo impresso não caracteriza um centro de recursos. A filosofia de armazenamento e posse dos materiais vê-se desafiada pela filosofia de comunicação, acesso à informação e contribuição para a capacitação de um usuário que saiba fazer uso crítico e criativo do conteúdo que acessa. [10] No palco onde antes só atuava a gerência de uma coleção de materiais, surge a gerência da informação e a formação.

Se um centro de recursos inclui um acervo físico, é preciso trabalhar questões de patrimônio como local, mobiliário e equipamentos. O acervo físico é um patrimônio a ser desenvolvido e cuidado com esmero. Até poucas décadas atrás, nem mesmo cogitávamos que o conhecimento pudesse ser buscado em outro lugar que não em estantes de livros. Embora os conceitos ainda estejam em construção e nem sempre exista um consenso nas definições, hoje precisamos considerar também o acervo digital.

O acervo digital permite a pesquisa e visualização de documentos − texto, som, imagem − com acesso em rede tanto local quanto remoto, e utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais pessoas. A grande vantagem da informação digitalizada é que ela pode ser compartilhada com rapidez. Um acervo digital pode reunir a produção ministerial local – um patrimônio informacional: gravações áudio ou vídeo de sermões, palestras e aulas, textos e artigos, imagens, entre outros.

O acervo de links on-line é produzido pelo serviço de “curadoria da informação” – um trabalho de seleção e distribuição de conteúdo encontrado on-line e que dá sentido ao conteúdo disponível na web para uma pesquisa de qualidade. Ele se caracteriza como um conjunto de links para documentos, imagens, softwares, bases de dados e outros recursos disponíveis na internet, organizados por áreas temáticas, de maneira estruturada, para possibilitar que o usuário encontre a informação desejada. A internet coloca à disposição um acervo imenso de informações, que pode ser acessado a qualquer hora e de qualquer lugar. É um acervo que precisa ser avaliado e usado com cuidado, mas que oferece vários recursos de qualidade. A ideia de que a internet é prejudicial ao preparo acadêmico ministerial é verdadeira apenas se os usuários deixarem se der devidamente instruídos para a busca de dados e/ou fizerem mau uso dos recursos on-line.  Nesse contexto, cabe a um centro de recursos selecionar e disponibilizar um conjunto de links que direciona os usuários aos bons recursos disponíveis no meio virtual e favorece uma navegação produtiva na internet.

7. PRESENÇA NA INTERNET

Ter presença na web é tão importante quanto ter a porta de uma biblioteca aberta, mas os recursos oferecidos pela tecnologia devem estar integrados de forma competente com os recursos tradicionais para que a sua presença seja de fato um sinônimo de qualidade na educação.

A tecnologia, bem usada, é essencial na nova concepção de biblioteca. Dentre as inovações da tecnologia, as chamadas ferramentas web 2.0 possibilitam uma interação maior entre um centro de recursos e seu público, colocando a informação ao alcance em qualquer lugar, divulgando os serviços, comunicando e aproximando-se para servir.

O catálogo on-line é uma necessidade para permitir a consulta do acervo. Outras oportunidades de presença na web precisam ser usadas com bom senso, mas seu uso não desprestigia um centro de recursos nem pulveriza sua imagem de maneira negativa. Pelo contrário, torna-o acessível a pessoas que talvez nunca chegariam diretamente ao site institucional, mas que estão conectadas em redes sociais. PodCasts, vídeos e redes sociais podem ter amplo alcance. Um blog permite divulgar atividades, novas aquisições do acervo, mudança em horários ou regulamentos, recursos, links, resenhas, pesquisas, e ainda ouvir comentários e sugestões. Um ambiente virtual voltado para a aprendizagem colaborativa como, por exemplo, o Moodle também é de grande benefício. A presença em redes sociais por meio, por exemplo, de uma página no Facebook permite alcançar as pessoas onde elas navegam diariamente.

A escolha deve ser feita com cuidado, a postura de postagem deve ser sempre institucional e regida pelos critérios estabelecidos por uma política definida, mas o uso é recomendável e praticado hoje por inúmeras instituições de renome. É preciso começar aos poucos, testar e adaptar ao próprio contexto com equilíbrio, lembrando sempre que essas ferramentas são um meio e não o fim em si.

8. INTEGRAÇÃO E TRANSVERSALIDADE

Os conceitos de transversalidade e integração no planejamento institucional são fundamentais para o ministério de um centro de recursos e devem ser compreendidos e abraçados pela liderança da igreja ou da instituição educacional. Um centro de recursos certamente pode contribuir para que a igreja ou a instituição acadêmica desempenhe seu ministério de forma mais dinâmica e efetiva, proporcionando um aprendizado investigativo, ativo, interdependente, em harmonia com a experiência no inteiro programa educacional.

O primeiro passo na implantação de um centro de recursos é indubitavelmente a compreensão da filosofia por parte da liderança da igreja ou instituição educacional. Muitas ideias surgem de conversas informais. São necessários, porém, um plano documentado e uma aprovação formal para dar base sólida ao ministério. Um ministério inovador pode levar tempo para ser compreendido e aceito. Talvez seja necessário dar referenciais teóricos e práticos de expressões atuais de unidades de informação no âmbito educacional secular, que permitam que as pessoas tirem as suas dúvidas e entendam o novo modelo.

O planejamento integrado no programa educacional é essencial para o ministério efetivo do centro de recursos. É preciso conhecer os projetos educacionais e os temas focados em sala de aula, em grupos pequenos, em conferências e demais aspectos do programa, para que seja possível o centro de recursos cumprir seu papel de dar suporte com recursos e serviços. A transversalidade é uma marca de um centro de recursos.

Nas palavras de Hernán Hammerly, em encontro da Red Latinoamericana de Información Teológica, o líder de uma unidade de informação que não está integrado às demais áreas de atuação de uma escola teológica (e podemos aplicar o mesmo ao ministério educacional da igreja local), “que não participa de comitês nem é consultado quando se tomam decisões que afetam a biblioteca, não pode antecipar o preparo da biblioteca para atender a novas matérias ou projetos que desconhece. Por outro lado, professores e administradores não sabem o que acontece na biblioteca e supõem, erradamente, quais sejam as possibilidades e limitações da mesma”. [11] William Hook expressa a mesma preocupação com a transversalidade e lembra que a missão e os alvos de uma unidade de informação sempre são dependentes e derivados da missão e dos alvos da instituição em que ela está inserida. É fácil e frequente ficarmos tão envolvidos e convictos do valor de um centro de recursos, que assumimos de maneira incorreta que os mesmos conceitos são compartilhados pelos demais líderes, e ficamos depois surpresos e frustrados ao descobrir que não é a realidade. [12]

9. ANTES QUE A IDEIA SE CONCRETIZE

Ao pensar nesse novo ministério, coloque cada passo em oração. A consideração de cada aspecto mencionado até aqui tem particular importância. Destacamos o planejamento integrado no programa educacional, que é a chave para um ministério efetivo. Os conceitos de competência informacional, transversalidade e uso apropriado das tecnologias da informação e comunicação, são fundamentais para o ministério de um centro de recursos e devem ser compreendidos e abraçados pela liderança seja da igreja ou da instituição educacional. Nada pode nem deve ser feito antes que isso seja uma realidade.

“… com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado” Ef 4.12.


[1] CUNHA, Murilo B. da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira em 2010. Apud SOARES, Suely at all. Biblioteca digital interativa do campus de Rio Claro, unesp: ações idealizadas e em andamento. Disponível em http://libdigi.unicamp.br/document/?view=23463. Acessado em 10.01.2008.
[2] FAGUNDES, Alessandra, CRESPO, Isabel. Planejamento estratégico: propostas em sistemas de informação e bibliotecas no Brasil. In XIX Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. Porto Alegre, PUCRS, 2000. p. 1
[3] PAZMIÑO, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 89.
[4]  AETAL. Um diálogo sobre a educação teológicahttp://www.aetal.com/artigo1.html Acessado em 31.03.2010.
[5]PORTELA, Solano. Fundamentos bíblicos para estabelecer uma cultura de planejamento. Revista Mackenzie. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, n. 44, p. 45-47. 2009.
[6] OLIVEIRA Silas Marques de. Gerenciamento organizacional de bibliotecas universitárias. SNBU 2000. http://snbu.bvs.br/snbu2000/docs/pt/doc/t096.doc . Acessado em 15.10.2009.
[7] Se um centro de recursos gerenciar um acervo local expressivo, ou se pertencer a uma instituição de ensino, é imprescindível contar com o serviço de um profissional da área de biblioteconomia para os procedimentos técnicos.
[8] CASTRO FILHO, Cláudio M. et al. O perfil do profissional da informação. SNBU, 2008. http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/2874.pdf. acessado em 03.02.2010.
[9] Para os ministérios que não podem dispor de um acervo local de maiores dimensões, uma possibilidade é o estabelecimento de parceria com ministérios afins, algo como uma rede de bibliotecas, que propicie maior acesso a uma variedade de recursos.
[10] CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A. L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, set./dez. 2000. p. 37..
[11] HAMMERLY, Hernán. La información teológica hoy: desafíos para las instituciones teológicas de América Latina y sus bibliotecas: documento de trabajo para un panel de rectores de seminarios. Red Latinoamericana de Información Teológica, 2004.http://www.ibiblio.org/rlit/docs/Publicaciones/La%20informacion%20teologica%20hoy.doc. Acessado em 24.03.2009.
[12] HOOK, William J.  Effective leardership in tough times. Theological librarianship. Amerian Theologiacal Library Association. V. 2, n. 1, June 2009. p. 20-22.