Como ministrar à dor sem desconsiderar o pecado?

Você já se viu em uma situação em que você quis sinceramente se identificar com o sofrimento de um aconselhado e mostrar empatia, mas você não o fez por receio de que isso se convertesse em um pretexto para a pessoa deixar de lidar biblicamente com o próprio pecado?

Rob Green respondeu a esta pergunta em Counseling with Confidence and Compassion, blog de Faith Counseling Ministries onde você pode acessar o original em inglês.
Aqui em Conexão Conselho Bíblico você pode ler um trecho em português.

Estive nessa situação várias vezes. Certa vez, aconselhei um homem que havia sido abandonado pela esposa. Eu vivia um conflito ao olhar para meu aconselhado. Por um lado, ele havia sido encorajado durante anos a fio para que mudasse, abandonasse seu pecado e passasse a fazer aquilo que era certo. Parte da sua história podia ser explicada pela realidade de que o pecado traz consequências. Para crescer e mudar, ele precisava lidar com seu pecado. Por outro lado, porém, eu também via um homem desanimado. Sua perda havia sido grande, ele convivia com a realidade de  uma esposa que nem sempre era agradável e  pronta a cooperar no lidar com os filhos, além de que outras dificuldades estavam ainda por vir. Ele precisava de compaixão, precisava de um amigo para caminhar com ele, precisava de alguém que se importasse não apenas com o seu pecado, mas também com o fato de que o outro lado da sua cama estava vazio.

O que você faria? Como você se identificaria com o sofrimento sem perder de vista a questão da responsabilidade pessoal pelo pecado? Aqui está uma sugestão.

Tempos atrás, veio-me à memória uma passagem das Escrituras que pode de fato ajudar nesses casos – o Salmo 25.

Primeiro, o Salmo 25 descreve como lidar com o sofrimento. Evidentemente, o Salmo 25 não é um tratado completo sobre o sofrimento, mas ele inclui alguns elementos cruciais como (1) voltar-se para o Senhor, (2)  pedir a força e a proteção de Deus e (3) confiar em Deus em meio ao sofrimento. Uma conversa sobre o Salmo 25 é um dos recursos que você pode usar para validar as feridas causada por outras pessoas.

Segundo, o Salmo 25 também trata de como lidar com o pecado. De novo, nem tudo que é preciso saber a respeito de como lidar com o pecado está nesse salmo, mas os pontos básicos estão presentes: (1) admitir o pecado, (2) confessá-lo e (3) descansar no perdão de Deus.

Em outras palavras, o Salmo 25 dá a você uma oportunidade de conversar a respeito tanto do pecado como do sofrimento.  Ele permite que você estabeleça um relacionamento com o seu aconselhado e converse sobre as lutas provocadas por outros, e faça isso sem parecer que você está dando um pretexto para que ele reaja como bem entender.

Aqui está um exemplo de tarefa prática que você poderia dar após ter trabalhado o Salmo 25 durante o encontro.

  1. “Leia diariamente o Salmo 25 durante uma semana e anote como o salmista lidou com o seu sofrimento. O que ele pensava a respeito do sofrimento e o que ele fez? Em seguida, anote como  o salmista lidou com o seu pecado. O que ele pensava a respeito do seu pecado e o que ele fez?” Essa tarefa permite ao aconselhado interagir diretamente com a Palavra de Deus e descobrir a ajuda que vem da Palavra.
  2. “Mantenha um registro de pecado/sofrimento. Durante a semana, registre cada vez que você for um ‘pecador’ ou um ‘sofredor’ e responda às seguintes perguntas: (1) Qual foi a situação? (2) O que faz você acreditar que foi um ‘pecador’ ou um ‘sofredor’ nessa situação? (3)  O que você fez? (4) O que você fez condiz com aquilo que o Salmo 25 encoraja você a fazer? (5) Se a resposta for negativa, o que você poderia ter feito para aplicar melhor o Salmo 25 naquela situação?

Creio que reconhecendo o sofrimento do aconselhado e oferecendo ajuda Bíblica construímos laços mais firmes de relacionamento e temos melhores oportunidades de ministrar de maneira efetiva.  Ao mesmo tempo, evitamos duas armadilhas: (1)  usarmos de uma rispidez excessiva, procurando focar apenas o pecado em sua vida  e (2) identificarmo-nos apenas com o sofrimento, dando assim motivo para que o aconselhado justifique seu pecado.

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