Honrar os pais: um mandamento sem limite de idade

Deus deu uma ordem aos filhos, acompanhada de uma promessa, e Ele a repetiu mais de uma vez na Sua Palavra: honre seus pais e você será bem-sucedido. “Honrar” vem de uma palavra hebraica que significa “dar peso” – tratar os pais com respeito e lhes dar um lugar de importância ao longo de toda a vida.

Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa vida na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá.  Êx 20.12 (cf. Dt 5.16; Mt 19.19; Ef 6.2).

Existe diferença entre honrar e obedecer? Sim, existe. Enquanto honra significa dar crédito ou merecimento, louvar, fazer crescer em fama e valorizar, obediência traz o sentido de submeter-se à vontade de outrem, estar sob o comando de alguém.

Na infância e mocidade: a honra pela obediência
A obediência aos pais – imediata, completa e de coração – é a forma inicial de honrá-los. É o padrão de Deus, que deve ser inculcado pelos pais. Para os filhos, é uma atitude de respeito e submissão àqueles que Deus colocou em sua vida como ferramentas para moldar o caráter e treinar na conduta. Não é uma questão de escolha, mas de simples obediência a Deus.
Filhos, escutem a instrução do pai; estejam atentos para que obtenham o entendimento. Porque eu lhes dou boa instrução; não abandonem o meu ensino. Pv 4.1, 2 (Cf. Pv 13.1).
Filhos, em tudo obedeçam a seus pais, pois fazer isso é agradável diante do Senhor. Cl 3.20

A obediência “no Senhor” não significa que os filhos devem obedecer apenas aos pais que sejam crentes e estejam em comunhão com o Senhor, mas que devem obedecer, por mandamento do Senhor, a toda e qualquer ordem dos pais que não transgrida uma ordem dada por Deus na Bíblia.
Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Ef 6.1

Também deve haver uma disposição para receber com humildade o treinamento dado pelos pais.
Quando eu era filho em companhia de meu pai, tenro e único diante de minha mãe, então, ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos e vive; adquire a sabedoria, adquire o entendimento e não te esqueças das palavras da minha boca, nem delas te apartes. Pv 4.3-5

Os filhos desobedientes, e aqueles que querem ser sábios aos próprios olhos, não agradam a Deus por desprezarem Sua ordem. Eles estão entre aqueles que Deus reprova como “egoístas, avarentos, orgulhosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, convencidos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus” (2Tm 3.2-4; cf. Rm 1.29-31).

É época de transição
À medida que um filho amadurece, ele começa gradativamente a ser treinado pelos pais na tomada de decisões próprias a caminho da vida adulta. Não são seus 18 anos de idade que magicamente lhe conferem plena autonomia, mas a maturidade evidenciada ao ser capaz de fazer escolhas sábias. Aos poucos, o jovem aprende a usar sua liberdade cristã de forma responsável diante de Deus e para o bem de outros, e a estabelecer um novo relacionamento com os pais, marcado pela graça e pelo respeito.

O livro de Provérbios oferece um retrato do jovem adulto pronto para conduzir a própria vida de forma sábia.
•• Reflete o temor a Deus na vida disciplinada e nos relacionamentos (Pv 3.5-7; 9.10; 23.23; 13.20; 24.21)
•• Conhece e honra o plano de Deus para o casamento (Pv 5.18; 12.4)
•• Trabalha diligentemente (Pv 6.5-11)
•• Usa bem o tempo, sabe planejar seus dias e organizar tarefas  (Pv 21.5)
•• Ganha e administra sabiamente o dinheiro e seus bens (Pv 21.5)
•• Ama ativamente seu próximo (Pv 3.27, 28)
•• O rapaz sabe como construir e cuidar de um lar (Pv 24.3, 27)
•• A moça sabe como ter beleza exterior, mas também interior (Pv 3.21, 22)
•• Não é ansioso quanto ao amanhã (Pv 3.25, 26)
•• Controla suas palavras (Pv 10.11, 19)
•• Ouve conselhos e repreensão (Pv 12.1; 15.32)
•• Não exalta a autonomia, confiando só em si mesmo, mas é humilde para participar da vida comunitária (Pv 18.1; 28.26)
•• É reconhecido e louvado pela comunidade (Pv 2.20; 12.8).

Na idade adulta: a honra pelo respeito e cuidado
A obediência aos pais termina por ocasião do casamento. O jovem marido torna-se o líder da nova família e, na vida familiar, a Bíblia não deixa dúvida de que a mulher casada responde a seu marido e se submete à direção apontada por ele − “As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor” (Ef 6.22). E quanto o casamento demora mais a contecer ou mesmo não acontece? Novas estruturas de autoridade podem se estabelecer na vida de filhos adultos solteiros. Embora não estejam mais sob a autoridade direta dos pais nem dependam mais deles para aprovação e proteção, a ordem de honrar pai e mãe não tem limite de idade e os filhos adultos devem obedecer a Deus, conferindo aos pais uma posição “de peso” em sua vida. A natureza do relacionamento muda, mas isso não significa uma qualidade inferior de relacionamento. A expressão de honra aos pais pode mudar de um contexto para outro, mas temos princípios bíblicos que são supraculturais e devem ser aplicados com sabedoria.

O que deixar pai e mãe  NÃO É

Voltar as costas levando mágoas do passado nem fechar os olhos a erros do presente.
É pedir perdão a eles por ofensas específicas que você tenha cometido, e por atitudes de desobediência e desrespeito, e dar passos concretos na busca ativa da restauração do relacionamento.
Se você estiver trazendo a sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe diante do altar a sua oferta e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; e então volte e faça a sua oferta. Mt 5.23, 24
É olhar com honestidade e verdade bíblica para possíveis pecados dos pais no passado, mas olhar de acordo com a graça de Cristo e aplicar, como irmão em Cristo e com todo respeito e amor, a exortação e o perdão bíblico.
E eu mesmo, meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade, têm todo o conhecimento e são aptos para admoestar uns aos outros. Rm 15.14
Não repreenda um homem mais velho; pelo contrário, exorte-o como você faria com o seu pai. 1Tm 5.1
Suportem-se uns aos outros e perdoem-se mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem também uns aos outros. Cl 3.13
É desaprovar possíveis pecados dos pais no presente, mas mostrar compaixão, embora com firmeza, mesmo quando eles o ofenderem.
O amor… tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1Co 13.7

Quer aconteça ou não uma reconciliação, o perdão concedido em seu coração liberta para honrar os pais e respeitá-los em amor. Deus capacita um filho fiel não só para orar por seus pais, mas também para agir: planejar as mudanças específicas que ele pode colocar em prática para lidar com seus pais.

Desprezar tudo quanto foi aprendido até então com eles.
É alegrá-los por verem nos filhos um comportamento sábio. É identificar contribuições positivas que eles tiveram em sua vida e expressar  agradecimento.  É saber discordar, quando for o caso, mas com respeito.
Escute o seu pai, que o gerou, e não despreze a sua mãe, quando ela envelhecer. Compre a verdade e não a venda; compre a sabedoria, a instrução e o entendimento. O pai de um justo fica muito feliz, e quem gerar um filho sábio terá nele a sua alegria. Dê essa alegria ao seu pai e à sua mãe, e que se encha de felicidade aquela que o deu à luz. Pv 23.22-25

Fechar os ouvidos a eles dali para frente.
É ainda pedir e ouvir conselhos, embora a decisão final agora não pertença mais aos pais.
O caminho do insensato parece reto aos seus olhos, mas o sábio ouve os conselhos. Pv 12.15
É também oferecer-lhes um ouvido amigo e bondoso.
Quem maltrata o seu pai ou manda embora a sua mãe é filho que causa vergonha e traz desonra. Pv 19.26

Trata-los com desconsideração.
É celebrar com eles cada etapa da vida. É estar presente, fazer perguntas que mostrem interesse verdadeiro.
Fique em pé na presença dos idosos, honre a presença do ancião e tema o seu Deus. Eu sou o SENHOR. Lv 19.32

Abandoná-los quando precisam de ajuda e convivência amorosa.
É retribuir o investimento que eles fizeram em sua vida, é dedicar tempo para estar com eles e insistir em ajudá-los à medida que os anos passam. É fazer coisas significativas para eles, mesmo que sejam coisas simples, que atendam a necessidades específicas que eles tenham como fazer compras ou acompanhar em uma consulta ao médico, ou que proporcionem alegrias como um telefonema, uma visita, um álbum de fotos. Algumas vezes é preciso servi-los – com muita sensibilidade, mas firmeza – ainda que eles não peçam ajuda ou relutem em aceitá-la.
Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar os seus pais, pois isto é aceitável diante de Deus. Se alguém não tem cuidado dos seus e, especialmente, dos da própria casa, esse negou a fé e é pior do que o descrente. 1Tm 5.4, 8

Ganhar o direito de difamá-los.
É falar bondosamente com eles e sobre eles, é abençoar com suas palavras. Quando precisar expor a outros situações em que os pais estão errados, seja honesto, mas discreto e criterioso para não espalhar difamação e detalhes desnecessários das falhas dos seus pais. O respeito expressa-se pelo cobrir em amor, e não expor a vergonha de seus pais. Não estamos falando aqui em negar os erros, mas em não trazer constantemente e desnecessariamente à tona o pecado de seus pais em conversa com outras pessoas ou até em redes sociais.
Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. Ef 4.29
O que difama é tolo. Pv 10.18b

Assumir agora a tarefa de “reformá-los”.
A transformação em vidas é obra de Deus. Com o avançar da idade, o mais comum é que mudanças aconteçam devagar, mas elas não são impossíveis. Deus pode nos surpreender muito além do que pensamos. Em lugar de murmurar quando seus pais não são fáceis de amar, seja paciente. Mostre-lhes graça, mesmo quando o que eles dizem ou fazem a ofende.
O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se envaidece, não é orgulhoso, não se conduz de forma inconveniente, não busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1Co 13.4-7

Deixar pai e mãe É

Tornar-se um adulto fiel diante de Deus e responsável diante dos homens
É manter um estilo de vida no temor do Senhor, que agrada a Deus e dá aos pais honra e alegria.
 ​O filho sábio é a alegria do seu pai, mas o filho tolo é a tristeza da sua mãe. Pv 10.1

Não se engane pensando que seus pais não têm mais lugar em sua vida. Preocupe-se com tomar iniciativas para melhorar o relacionamento com eles qualquer que seja sua idade e sua situação atual. Assuma responsabilidade pelo seu relacionamento com seus pais como parte da sua caminhada com Deus.

Honrar seus pais seja qual for a etapa de vida em que você está diz respeito à atitude do seu coração para com Deus.