O crente e a balada

Roberto Rodrigues

Será que um crente pode participar de uma balada?
No uso comum da palavra, balada é qualquer festa noturna dos jovens atuais. Isso vai desde uma festa rave a algumas festas de formatura e até mesmo de aniversário.

Normalmente, um ou mais destes elementos estão envolvidos:
— som alto e jogo de luzes que criam ambiente para dança;
— bebidas, cigarros e, algumas vezes, drogas;
— ênfase na imoralidade – ficar e sexo.

Alguns desses elementos podem estar presentes em outros ambientes que não sejam chamados necessariamente de balada como, por exemplo, barzinhos ou shows.
Para responder à pergunta inicial, vamos fazer outras duas perguntas.

1- Qual o propósito da festa?
É verdade que o povo de Deus tinha várias festas no Antigo Testamento, mas precisamos ficar espertos. Isso porque Satanás, o príncipe deste mundo (1Jo 5.19; 2Co 4.4) não é ingênuo, e ele é o maior promotor de eventos que já existiu.

Em uma de nossas reuniões, a galera definiu o propósito da balada como sendo “curtir”, “ficar doidão”, “pegar as minas”. A balada é o lugar para esquecer o dia a dia, os pais e os estudos,  e se soltar e, enfim, aproveitar o momento. No entanto, o propósito de Deus para nós é que glorifiquemos a Ele em cada detalhe da nossa vida (1Co 10.31). Por isso, Ele diz que fujamos das paixões da mocidade (2Tm 2.22), que não fiquemos junto de pessoas que são imorais (1 Co 5.9) e que não deixemos que nada domine nossa razão e nos deixe “doidão” (Ef 5.18).

Imagine uma festa de aniversário que se estende até mais tarde, com música insinuante, dança e bebida, sem a presença dos pais e em ambientes escuros. O que vai acontecer? É claro que os casaizinhos vão se formar e que a pureza ensinada por Deus vai dar lugar à imoralidade pregada abertamente pelo mundo.

Um cristão verdadeiro poderia participar desse tipo de festa? É fácil arrumar desculpas:
— Mas é só uma festa de aniversário…
— Mas os pais do aniversariante estarão lá…
— Mas…

No fundo você sabe o que vai rolar, sabe como a festa será, sabe que nada ali glorificará a Deus. Então, por que participar? Por que ir a um lugar desses? A resposta é simples: você gosta. Este é o nosso maior problema. Apesar do nosso propósito ser glorificar a Deus, nós somos pecadores, nossa carne luta contra nosso espírito (Gl 5.17), nosso desejo é por coisas do mal (Tg 1.14).

Deus fala claramente na Bíblia que antes, sem Cristo, nós seguíamos o mundo e os nossos próprios desejos (Ef 2.1-3). Agora, no entanto, somos filhos da luz e devemos viver mostrando que somos crentes em Cristo. Participar dessas festas é concordar com elas, dizer que não há nada de errado ali, que podemos participar e que Deus não se importa com elas.

2- Qual a forma da festa?
Como é a festa? Qual é o tipo de música? O que é servido? Como as pessoas se vestem e se portam? Olhe mais de perto para três elementos que já citei no início.

Som alto e jogo de luzes que criam ambiente para dança
Imagine que um grupo de amigos vai à sua casa e, durante a conversa, um deles começa a desmentir tudo o que você fala. Além disso, ele diz que pouco importa o fato de que a casa é sua. Ele e os demais farão o que bem entenderem ali, abrirão a geladeira e pegarão que quiserem, bagunçarão os quartos, usarão tudo o que desejarem. Enfim, não interessa se você está ali na sua casa ou não. Para terminar, ele ainda começa a falar mal da dona da casa, sua mãe, inclusive usando termos bem baixos. Como você se sentiria?

Satanás usa muito da música atual para ensinar padrões contrários aos ensinados por Deus, e faz isso aqui na terra, no lugar que Deus criou. Não bastasse isso, muitas músicas dizem para fazermos o que quisermos e “deixarmos rolar” sem consultar Deus, o Dono de tudo. Muitas músicas também rebaixam a mulher, criação de Deus, amada por Deus.

Sabe o que nós fazemos diante disso? Nada! Olhamos para as pessoas e dizemos que é só arte, que a música é só para diversão, que não tem nada a ver com religião. Mentira! Se o ambiente tem músicas e coreografias que vão contra princípios da Palavra de Deus, ele não deve ser frequentado por crentes.

Bebidas, cigarros e, algumas vezes, drogas
A ideia é “ficar doidão”, é deixar-se dominar por algo que não é Deus. A Bíblia é clara sobre isso: devemos ser dominados por Deus e não pelo álcool ou por qualquer outra coisa (Ef 5.18).

Muitos lugares, como mercados e restaurantes, vendem bebidas alcoólicas. No entanto, as baladas e os barzinhos têm por ênfase estimular o consumo de forma que é comum vermos pessoas embriagadas em lugares assim (Pv 20.1; 23.29-35).

Ficar longe de lugares assim evita a tentação e também traz proteção, pois mesmo que o crente esteja sóbrio, alguém ao redor pode não estar.

Ênfase na imoralidade – ficar e sexo
Deus planejou o casamento como um relacionamento entre homem e mulher que glorifica Seu nome. É esse relacionamento que devemos buscar. No entanto, a cada dia, o compromisso do casamento perde lugar para a satisfação de desejos sexuais. A Bíblia é clara em afirmar que a vontade de Deus é que sejamos santos, em prática, em pensamento e em ação (1Ts 4.3-5).

Ao contrário da Bíblia, o mundo prega a liberdade sexual, os relacionamentos sem compromissos e a valorização do corpo em lugar do caráter. Satanás investe pesado nessa área e as baladas são um de seus campos de ação.

Conclusão
Em Romanos 12.2, Deus nos pede para não nos amoldarmos ao mudo: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Infelizmente, nestes últimos anos, tenho visto cada vez mais nossos adolescentes e jovens ficarem mais parecidos com o mundo do que influenciarem o mundo. Precisamos voltar a ser sal, a ser diferentes, mostrando o testemunho de uma vida transformada em lugar de ficar tentando copiar aquilo que o mundo faz.

Que o Senhor nos ajude!


Roberto Rodrigues é coordenador do Ministério de Juventude da Organização Palavra da Vida, que inclui o Cursos de Liderança e Discipulado (CLD), o Acampamento Palavra de Vida Sudeste (APV-Sudeste) e o Ministério com Igrejas Locais (MIL). É formado no curso Teológico Ministerial do Seminário Bíblico Palavra da Vida. É palestrante para adolescentes e jovens.

Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.