Roberto Rodrigues
Temos um mecanismo criado por Deus que nos ajuda a lidar com os nossos erros do passado. Ele se chama consciência. A consciência é a capacidade de lidar com julgamentos morais, ou seja, ela não é um anjinho nem um capetinha na nossa cabeça, mas sim um padrão que temos na mente. Quando ferimos este padrão, a consciência nos acusa.
Charles Ryrie, um conhecido teólogo, disse: “A consciência é uma testemunha interior que diz ao homem que ele deve fazer o que acredita ser certo, não o errado. Ela não ensina o que é certo ou errado, porém nos incita a fazer aquilo que aprendemos ser o correto.”.[1]
Por exemplo, se você acredita que falar um palavrão é errado, esse é o seu padrão. Então, cada vez que você fala um palavrão, sua consciência o acusa. No entanto, o fato de você nunca ter peso na consciência não significa que você não fez nada de errado. Até Paulo ficava esperto com isso: “Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga” (1Co 4.4).
Os tipos de consciência
A Bíblia fala sobre três tipos de consciências que não são boas:
1- A consciência fraca – ela se sente culpada por algo que não é errado no padrão bíblico, pois ela não conhece esse padrão (1Co 8.4-8).
2- A consciência corrompida – ela tem um padrão distorcido, e faz com que você pense que coisas erradas pelo padrão bíblico são certas e coisas certas pelo padrão bíblico são erradas (Tt 1.15-16).
3- Cauterizada – de tanto você pecar, ela se acostumou com as práticas fora do padrão bíblico e nem se incomoda mais (1Tm 4.1-2).
O objetivo da Bíblia é nos ensinar os valores de Deus para que nossa consciência seja boa e nos ajude a perceber o que fazemos de certo e errado. O apóstolo Paulo escreveu: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera” (1Tm 1.5). A boa consciência é a única que pode cumprir seu papel com segurança. Tendo uma boa consciência, temos a arma de Deus para nos ajudar a descobrir quando estamos fazendo coisas erradas ou certas.
A consciência limpa e a consciência pesada
Se seguimos a boa consciência, e fazemos o certo, dizemos que nossa consciência está limpa. Se fazemos o que é errado, a consciência nos acusa. O apóstolo Paulo escreveu: “Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos homens” (At 24.16). O autor da Carta aos Hebreus escreveu: “Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura” (Hb 10.22).
O que fazer se nossa consciência nos acusa?
Se nossa consciência é boa e nos acusa, sentimos culpa e precisamos lidar com isto. Você lembra que já vimos que existem consciências que não são boas? Então, é possível alguém sentir culpa por algo que não é errado, e alguém que fez algo errado não sentir culpa. É importante ir à Bíblia e verificar se realmente pecamos.
Francis Schaeffer disse: “Quando um homem peca contra Deus, não tem apenas sentimento de culpa; tem culpa mesmo. Na verdade, ele tem culpa mesmo que não tenha sentimento de culpa”.[2]
Existem três passos que precisamos dar quando descobrimos que pecamos: confissão, arrependimento e restituição.
Confissão e pedido de perdão
Todo pecado é inicialmente contra Deus (Sl 51.4) e é preciso reconhecer diante dele nosso erro (1Jo 1.9), mas também é preciso procurar as pessoas que ofendemos e pedir perdão. Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta (Mt 5.23, 24).
Arrependimento: mudar de atitude
Já que descobrimos que estamos em pecado, parece óbvio que temos que mudar, mas nem todos fazem isso. Lute com todas as suas forças para não repetir o mesmo pecado.
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia (Pv 28.13).
Restituição: lidar com as consequências
É muito importante estar disposto a lidar com as consequências do seu erro. Quando Jesus falou com Zaqueu, ele se converteu, levantou e disse que iria restituir a todos aqueles de quem ele havia roubado (Lc 19.2-8). Quando Davi pecou e Deus o disciplinou por intermédio do profeta Natã, ele arcou com as consequências (2Sm 12.1-23), diferentemente de Saul, que admitiu ter pecado, mas fez isso somente para que Samuel o honrasse diante dos homens (1Sm 15.30).
Conclusão
É praticamente certo que você eu, aqui na terra, ainda pecaremos contra Deus e as pessoas ao nosso redor. O caminho de Deus é um caminho de confissão, abandono, acerto e restauração para uma vida nova. Você pode seguir por esse caminho e Deus quer estar ao seu lado. Ele tem perdão para cada um de nós, independentemente da área em que pecamos.
[1] RYRIE, Charles Caldwell. Teologia básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. p. 229.
[2] SCHAEFFER, Francis. Genesis in space and time. Downers Grove, Ill: InterVarsity, 1977. Cap 5 traduzido por Carlos Osvaldo Pinto
Roberto Rodrigues é coordenador do Ministério de Juventude da Organização Palavra da Vida, que inclui o Cursos de Liderança e Discipulado (CLD), o Acampamento Palavra de Vida Sudeste (APV-Sudeste) e o Ministério com Igrejas Locais (MIL). É formado no curso Teológico Ministerial do Seminário Bíblico Palavra da Vida. É palestrante para adolescentes e jovens.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.