Solteiros, sim. Sozinhos, nunca!

Giovana Teixeira Reimer

Cada dia mais, temas como “princípios para o namoro”, “namoro cristão” ou “como me preparar para namorar” são procurados pelos jovens cristãos na internet. O anseio por encontrar alguém faz com que, muitas vezes, a preocupação com se preparar para quando esse grande dia chegar seja maior do que a preocupação com ser alguém agradável aos olhos de Deus hoje, independentemente de o período de “solteirice” ser seguido ou não pelos períodos de namoro, noivado e casamento.

Isso mesmo, pode ser que o seu período de solteiro seja longo ou mesmo nunca acabe, e não há nada errado com isso. É sobre esse tema que gostaria de falar no texto de hoje: o tempo de solteiro, quer seja ele passageiro ou por toda a vida. Abordaremos esse tema em três tópicos.

O tempo de solteiro servindo a Deus à espera do casamento 
A preocupação de muitos jovens cristãos solteiros é “ser a pessoa que gostariam de ter”, o que é muito válido, mas acredito que podemos e devemos ir além. Devemos buscar ser a pessoa que Deus gostaria que nos tornássemos a cada dia. O padrão assim fica muito mais elevado, não é sobre ser do agrado de alguém, mas agradável aos olhos de Deus. Minha irmã gosta muito de uma frase e sempre repete para mim e para algumas amigas: “A pessoa vai se apaixonar pelo perfume de Jesus exalando em você, por ver o caráter dele no seu”. É exatamente isso! Focar em ser alguém inteiramente agradável aos olhos de Deus irá, simultaneamente, tornar-nos agradáveis aos olhos de quem também tem caminhado com Deus. Nossa motivação torna-se mais pura e alinhada com o desejo de Deus para nossa vida: glorificar a Ele.

Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, 2e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. 3Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos. (Ef 5,1-3)

O tempo de solteiro diante da possibilidade de nunca se casar
Até alguns anos atrás, eu nunca tinha parado para refletir sobre como a realidade do matrimônio não é óbvia. Não é óbvio que todos irão se casar e, de fato, nem todos irão. Isso não deveria ser motivo de preocupação ou tristeza, mas muitos jovens, mesmo que compreendam essa realidade, têm medo de não terem uma vida tão plena e feliz se ficarem solteiros em lugar de se casarem com alguém.
Essa é uma mentira difícil de ser abandonada, mas lembrar que Deus é soberano nos Seus propósitos ajuda-nos a descansar em relação ao futuro, inclusive e especialmente quanto ao casamento. Um dos homens mais usados por Deus em toda a história da igreja foi Paulo. Ele pregou em diversos lugares, muitos creram em Jesus por meio da vida de Paulo e ele foi usado, inclusive, para escrever a maior parte do que hoje temos como o Novo Testamento. Esse grande homem de Deus não tinha uma esposa ao seu lado. Ele enfrentou adversidades, perseguição, fome, dores, e muitas situações que provavelmente a maioria de nós jamais irá viver, mas sentia-se satisfeito, alegre e pleno pelo fato de ter Jesus. Até as tribulações para ele eram motivo de provar a plenitude em Cristo:

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo,  pelo qual obtivemos também acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.  E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança,  a perseverança produz experiência e a experiência produz esperança. Ora, a esperança não nos deixa decepcionados, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado. (Rm 5.1-5)

Paulo, inclusive afirma que gostaria que todos fossem como ele:

Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu. […] Você está casado? Não procure separar-se. Está solteiro? Não procure esposa (1Co 7.7, 8, 27)

A graça de Deus suficiente a todo tempo
A graça de Deus é suficiente para moldar e preparar nosso coração seja qual for nosso futuro em relação ao sexo oposto. Essa é uma verdade bíblica, mas preciso ressaltar que se for para se casar, que seja de maneira que honra a Deus, com alguém que também serve a Ele e para a vida toda em fidelidade. Se for para permanecer solteiro, que seja em pureza, controlando seu corpo de forma honrosa.

Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras. (Tt 2.11-14)

Nunca sozinhos!
Por fim, devemos lembrar que podemos estar solteiros, mas jamais estaremos sozinhos. A maior e melhor coisa da nossa vida é termos Jesus conosco. É o relacionamento com ele que devemos buscar antes de qualquer outro, sendo ou não solteiros. Mateus ressalta muito bem isso ao nos estimular a buscar em primeiro lugar o reino de Deus, pois todas as demais coisas nos serão acrescentadas.

Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. (Mt 6.33)


Giovana Teixeira Reimer é formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ela escreveu este artigo quando ainda era aluna do Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.


Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.