Por que terminar meu namoro?

Lucas Pequeno

Em blogs e sites cristãos facilmente se encontra como começar um relacionamento, quais as qualidades que um namorado ou uma namorada deve ter, qual o padrão de Deus para um namoro. O que pouco se vê, porém, é alguma resposta à pergunta “Por que terminar um namoro?”. A Bíblia tem algo a nos ensinar sobre o assunto? Sim! No entanto, é óbvio que não existe este versículo: “Vá, portanto, e termine seu namoro” (Namorais 4.3). Precisamos, então, pensar sobre as motivações e os princípios bíblicos que podem nos levar ao término do namoro ou mesmo do noivado.

Uma história real
Você que lê este artigo pode ter vivido, estar vivendo ou algum dia passar pela situação de terminar um relacionamento. Eu vivi na pele essa situação e não foi nada fácil. Imagine como é terminar um relacionamento a três meses do casamento, com tudo acertado para a celebração e com muitos planos. Foi, porém, inevitável. Há algum tempo não entrávamos em acordo, víamos que nossos sonhos eram muito diferentes e não havia o mesmo nível de maturidade espiritual. Decidimos, finalmente, que era melhor parar por ali do que levar adiante algo que acabaria mal.

O principal motivo
Não se ponham em jugo desigual com descrentes.
Pois o que têm em comum a justiça e a maldade?
Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas”.  (2Co 6.14)

O principal e primeiro motivo para o término de um relacionamento é o jugo desigual. Talvez você tenha rendido sua vida a Cristo faz pouco tempo e esteja namorando alguém que ainda não tem um relacionamento verdadeiro com Deus por meio de Cristo. Também é possível que você esteja desobedecendo à Palavra de Deus e colhendo duras consequências. Pode até mesmo ser que você nem sabia o que Deus diz a esse respeito. A partir de agora você não terá mais desculpas para ficar no erro.

Planos, sonhos e projetos diferentes.
Duas pessoas andarão juntas se não tiverem de acordo?” Amós 3.3

Algo que também precisamos considerar é a questão da maturidade espiritual. O que seria isso? É quando os dois são crentes, mas um apresenta quase nenhum compromisso com Deus, enquanto o outro é extremamente compromissado com o evangelho e envolvido na igreja local ou, até mesmo, tem um chamado ministerial que queima no coração. Nesse caso, não se trata de um pecado de desobediência direta a Deus, mas de uma situação para avaliar com sabedoria visto que as consequências para a vida a dois podem ser desastrosas uma vez que não somente a maturidade espiritual é desigual, mas também os planos são diferentes.

Planos de vida e ministeriais muito distintos são um motivo muito sério para terminar um relacionamento. Por exemplo, o jovem e sua namorada, ou noiva, estão juntos, ele estuda medicina e ela é formada em nutrição. A união desses jovens poderia dar muito certo, mas somente ele tem o desejo de ir para o campo missionário enquanto ela pretende continuar envolvida na sua igreja local e não sair de seu contexto. Nesse caso, existem duas possibilidades: o rapaz abre mão do seu chamado ministerial para se casar e ficar com aquela a quem ama, ou ele a deixa e segue o chamado para missões e, mais adiante, talvez encontre a sua auxiliadora. É uma decisão muito difícil, não é? Com certeza! Por isto é necessário que tudo seja bem pensado, e não apenas movido por emoção. A experiência de algumas pessoas que viveram problemas devido à diferença de maturidade espiritual e anseios ministeriais mostram que você, antes de firmar um relacionamento e se comprometer em casamento, precisa conhecer realmente a pessoa com quem você deseja, ou está, se relacionando.

Disponha-se a conhecer a pessoa, seja intencional nas perguntas, descubra se os seu planos combinam. Procure ver se a pessoa tem propósitos de vida parecidos com os seus. A Bíblia nos mostra que a mulher tem que ajudar o marido na missão que Deus deu a ele: ​“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).

Se o rapaz perceber que a moça não irá acompanhá-lo e auxiliá-lo, por que continuar a se envolver ainda mais com ela? Não tenha essa atitude, pois será pior mais adiante. Se a moça não pensa que ser a companheira auxiliadora do marido é o chamado de Deus para ela, pense se valerá a pena continuar, pois haverá lágrimas mais adiante.

Outros motivos a considerar
Vamos considerar mais alguns pontos a que se deve dar atenção.

1- Não ter o apoio dos pais
Se os pais não apoiam o seu namoro, e mesmo assim você iniciou o relacionamento, vale a pena repensá-lo. Em primeiro lugar, porque os pais são autoridades constituídas por Deus: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. ‘Honra teu pai e tua mãe’, este é o primeiro mandamento com promessa: ‘para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra’” (Ef 6.1-3). Em segundo lugar, pense que haverá consequências para o relacionamento familiar. No entanto, caso os pais não sejam tementes a Deus e queiram que você se relacione com alguém que não é cristão, algo que a Bíblia condena, lembre-se de que antes importa obedecer a Deus do que aos homens (At 4.19)

2-  Ter dificuldade para se controlar na área sexual.
Se o casal tem dificuldade para controlar seus desejos, não deve prolongar o namoro. Caso não tenha como abreviar o namoro ou noivado, eleve o padrão de namoro para não ocorrer defraudação (1Ts 4.4-7) e tenham uma pessoa ou casal a quem vocês prestam contas do seu comportamento. Caso contrário, termine o relacionamento, procure amadurecer na vida cristã e se prepare financeiramente para se casar assim que possível. Se você for um adolescente que não tem dinheiro nem mesmo para pagar um lanche, quanto mais para sustentar uma família, termine o relacionamento e espere o momento certo.

3- Ter expectativas de que as mudança acontecerão com o casamento
A pessoa que está ao seu lado hoje, estará ao seu lado quando a lua de mel terminar. Não se iluda, não deixe seus sentimentos levarem ao engano.

4- Não ter atração física pela pessoa
Se você não sente atração física pela pessoa, pense seriamente a respeito disso. Não tenha um relacionamento por dó. A atração do homem pela mulher, e vice-versa, faz parte do relacionamento. O livro de Cantares exemplifica que a atração física entre os noivos é um componente do relacionamento.

A decisão
Resolveu tomar esta difícil decisão? Trate todas as pendências. Não deixe intrigas ou problemas sem resolver. Acerte-se com a pessoa. Se necessário, peça perdão por falhas ou até mesmo defraudação (1Ts 4.4-7), e perdoe: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (Ef 4.32).

Não cabe a mim lhe dizer para terminar ou não seu relacionamento. A decisão é sua. Digo por experiência própria que doeu quando terminei um noivado, mas hoje eu me alegro muito com minha linda esposa, que tem me auxiliado, sido benção em minha vida e sonhado comigo o mesmo futuro.

Ore, peça conselhos, reflita e saiba que as suas escolhas de hoje sem dúvida alguma resultarão nos frutos que você colherá no futuro. É melhor chorar um pouco agora do que se lamentar pelo restante de sua vida, porque o casamento não é descartável, mas é para sempre.


Lucas Pequeno é formado no Cursos de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida e no curso Teológico Ministerial (TM) do Seminário Bíblico Palavra da Vida. É pastor de jovens e adolescentes na Igreja Batista Betel em Presidente Prudente, SP.


Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.