Jared Baergen
Normalmente, não gosto de levar meu carro à oficina mecânica. Sinceramente, meu desejo é que meu carro funcione, sempre. O que é ainda mais difícil de lidar é quando o mecânico diz que não tem as peças para consertar meu carro e que levará vários dias para obtê-las. Nesse momento, sou tentado a ficar impaciente. Quero que o carro volte a funcionar e que seja consertado de imediato.
Uma situação parecida pode acontecer no aconselhamento, tanto com o aconselhado quanto com o conselheiro.
A impaciência pode ser algo normal para um aconselhado. Geralmente, o aconselhado o procura devido a um problema, e ele quer que você o “conserte” – de imediato! Da mesma forma, como conselheiros, podemos ter a tendência de ver o aconselhamento como a situação em que vamos rapidamente “consertar um problema”. Embora tenhamos que ser sábios no que diz respeito a terminar o aconselhamento, especialmente se houver outros aconselhados à espera de que disponhamos de tempo para eles, queremos evitar um curto-circuito no processo de aconselhamento por querer, pela falta de paciência, terminar o aconselhamento apressadamente.
Como podemos ser pacientes e ajudar nossos aconselhados a serem pacientes?
Como ajudar um aconselhado impaciente
Pode ser difícil aconselhar alguém que está impaciente e quer que você resolva os problemas imediatamente. O aconselhado pode vê-lo como um médico. Ele espera que você ouça os sintomas, diagnostique o problema e prescreva a medicação ou o procedimento adequado para que recupere a saúde. No entanto, desde o início do processo de aconselhamento, é importante ajudar o aconselhado a entender o panorama geral. Possivelmente, já no primeiro encontro, incentive seu conselheiro a ver o aconselhamento mais como uma fisioterapia do que como uma consulta médica.
Ao longo do processo de aconselhamento, como você pode promover paciência em seu aconselhado?
Em primeiro lugar, ajude seu aconselhado a entender o processo de santificação. Paulo diz em 2Coríntios 3.18 que os crentes estão sendo transformados “de glória em glória”, ou seja, de degrau em degrau. A santificação é um processo ao longo da vida, um processo que não acontece da noite para o dia. As Escrituras até mencionam várias etapas de crescimento. Colossenses 2.7 usa a ideia de estar enraizado em Cristo, edificado e confirmado na fé para marcar as etapas de crescimento da vida cristã. Em 1João 2.12-14, a Bíblia se refere a filhinhos, a jovens e a pais na fé. Certifique-se de que o seu aconselhado entenda realmente como a santificação leva tempo e peça-lhe que se comprometa com o processo, seja de forma verbal, seja por escrito. Mais adiante, se ele começar ficar impaciente, você pode lembrá-lo do compromisso de ser paciente ao longo do processo de aconselhamento.
Em segundo lugar, ajude seu aconselhado a pensar no quadro maior. Muitos aconselhados impacientes concentram-se apenas no problema imediato. Pode ser útil ajudar o seu aconselhado a ver que sempre há mais coisas acontecendo, e não um único problema. Quando aconselho, faço isso conversando sobre questões relacionadas ao coração logo no início do aconselhamento. Se você conseguir ajudar o aconselhado a ver que o quadro não se limita àquele único problema que ele quer que você resolva, isso pode ajudá-lo a ser menos impaciente e mais disposto a ouvir o que você tem a dizer. Procure sempre ajudar seu aconselhado a entender o problema do coração que pode estar por trás de um problema de comportamento. Ajude-o a ver quaisquer ídolos do coração que estejam contribuindo para o problema que o levou a pedir ajuda. Isso contribuirá para que ele veja que o problema é maior do que apenas um amassado no para-choque, e que está dentro do capô. Ao fazer isso, você ajudará seu aconselhado a perceber que o processo de aconselhamento levará mais tempo e não se limitará a um único problema, e a se manter paciente, se assim Deus permitir, ao longo do processo.
Como ser um conselheiro paciente
Assim como é difícil para o aconselhado ser paciente e ter uma visão do quadro maior, pode ser fácil para um conselheiro ficar impaciente e perder de vista o propósito do aconselhamento. O alvo de todo aconselhamento é fazer discípulos de Jesus, que vivem fielmente como Jesus. É importante não esquecermos que o ponto principal do aconselhamento é ajudar as pessoas a serem mais parecidas com Cristo. O alvo não é resolver um problema, mas fazer e treinar um discípulo.
Um dos versículos mais importantes sobre paciência no aconselhamento é 1Tessalonicenses 5.14. Se você nunca memorizou essa passagem, recomendo fortemente que o faça. Paulo escreveu: “Também exortamos vocês, irmãos, a que admoestem os que vivem de forma desordenada, consolem os desanimados, amparem os fracos e sejam pacientes com todos”. Como conselheiros, encontramos regularmente pessoas que vivem de forma desordenada e precisam ser repreendidas, pessoas que estão desanimadas e precisam de incentivo, e pessoas que estão genuinamente fracas e necessitam de amparo. Precisamos discernir cuidadosamente a diferença entre o estado de um e de outro aconselhado, mas sem esquecer que, às vezes, um aconselhado pode precisar de advertência e encorajamento ao mesmo tempo. Como podemos discernir essa diferença e agir adequadamente? A resposta está no final do versículo: seja paciente com todos eles.
Gálatas 5.22, 23 também nos lembra que um dos aspectos do fruto do Espírito é a paciência. Os conselheiros precisam dar um bom exemplo de andar no Espírito sendo pacientes. Isso significa que precisamos ter discernimento e ser bons ouvintes, e evitar apressar o aconselhamento ou ficar irritados com um aconselhado. Certamente encontraremos casos de aconselhamento mais difíceis, nos quais precisaremos dedicar uma atenção extra para amar nossos aconselhados, levar as cargas com eles e fazê-lo com uma dose extra de graça. Se queremos amar de verdade nossos aconselhados, precisamos ter paciência (1Co 13.4).
Certifique-se de evidenciar o fruto do Espírito, caminhando pacientemente com seu aconselhado na situação atual, e caminhe graciosamente com ele, por amor a ele, mesmo além do previsto.
Atividades práticas
É fácil tanto para o aconselhado quanto para o conselheiro ter falta de paciência no processo de aconselhamento. À luz disso, é importante que você, conselheiro, de alguns passos.
-1- Peça que Deus ajude tanto você quanto o seu aconselhado a serem pacientes durante o processo de aconselhamento.
-2- Memorize 1Tessalonicenses 5.14 e coloque esse versículo em prática sempre que estiver lutando com a falta de paciência.
-3- Confie na graça de Deus para fortalecê-lo na difícil tarefa de ser paciente no aconselhamento.
Caso você seja um conselheiro impaciente ou deseje crescer na habilidade de ser paciente com seus aconselhados, aconselhe a si mesmo e cumpra os três pontos da atividade prática proposta. Por fim, lembre-se de que Deus é soberano e, se Ele lhe deu um caso de aconselhamento que requer paciência, é para que você se torne mais parecido com Cristo. Lembre-se de que é um processo, e leva tempo. Aperte o cinto, vá em frente e lembre-se de que Deus está promovendo o seu crescimento, ensinando-lhe paciência.
Jared Baergen é um conselheiro bíblico certificado pela Association of Certified Biblical Counselors (ACBC), atua na área de ensino bíblico na Racine Bible Church e é autor de Walking in Christ: The Key to the Christian Life.
Original: Patience in Counseling
Artigo publicado pela Association of Certified Biblical Counselors. Traduzido com autorização.
Tradução e adaptação: Conexão Conselho Bíblico