Mentes sãs em meio à insanidade

Lucas Pequeno

Em muitas das minhas conversas com pessoas que desconhecem a Cristo, um dos assuntos que abordo é a ignorância de muitos “cristãos” a respeito da fé que representam. Busco mostrar que, na realidade, essas pessoas não me representam; muito menos representam a Cristo. Assim, as perguntas que vêm à mente é: Há lugar para pensar na fé? O cristão é um ser alienado? Qual é a relação entre a fé e a razão?

Infelizmente, o racionalismo que impera desde o iluminismo permanece impregnado na sociedade, ignora a fé e diz que ela está separada da razão. O resultado de um mundo à parte da fé é a armadilha do pecado: uma vida antropocêntrica, ou seja, centrada no homem. Sem a fé, o homem vê o mundo por meio dos seus próprios olhos, totalmente à parte de Cristo. Além desse legado do racionalismo, encontramos na era pós-moderna outros movimentos que levam ao extremo à visão de mundo em que o homem está no centro, pois dizem que o importante é o que VOCÊ pensa, sente e faz. Você vive por si  e para si, e não deve satisfação a ninguém. Isso torna a situação ainda pior, visto que até a razão, a lógica e a verdade tornam-se irrelevantes.

Vivemos em um mundo completamente alienado de Deus (Ef 2.1-3), que é incapaz de pensar de maneira sóbria, pois está cego e faz somente o que lhe apraz e o que acredita que dá certo. Por mais que o homem seja um ser pensante por possuir a imago Dei (a imagem de Deus cf. Gn 1.26), sua mente está afetada pelo pecado, pois seu desejo de completo conhecimento resultou em morte (Gn 3.1-6).

Nós cristãos, temos a vantagem de não estar mais plenamente entregues ao pecado, visto que nossa mente foi transformada por Cristo. Entretanto, aqueles que estão distante de Cristo tem sua mente corrompida pelo “vírus” do pecado. Diante disso, a função do cristão é pensar em como dar à sociedade as respostas de que ela necessita acerca de Deus, da família, do trabalho e dos relacionamentos. O cristão precisa se aprofundar nas verdades bíblicas, vivê-las e apresentar Cristo, a resposta ao mundo caído. Somente Cristo traz sanidade a uma mente insana, que contesta a existência de Deus. O cristão, por meio de sua fé unida à razão transformada por Cristo, tem que ser relevante no meio em que se encontra.

Fé e razão, não fé versus razão
Vimos que a fé e a razão caminham juntas, por isso nosso objetivo é impactar a mente do homem que carece de conversão (Rm 1.18). Temos a escolha de ser os instrumentos de Deus na transformação de pessoas pelo conhecimento e prática da vida cristã. Do contrário, teremos deixado muitos morrerem em um caminho de destruição (Os 4.6).

Não podemos nos acomodar, nem nos conformar ao molde da nossa era. Temos que ter uma visão crítica; precisamos de filtro quanto àquilo com que temos alimentado a nossa mente como, por exemplo, filmes, seriados, músicas, livros, conversas, artes.

Temos de pensar a partir da Palavra de Deus e embasar nela a nossa visão, e não em nós mesmos. É nela que encontramos a sabedoria de Deus, o seus impenetráveis mistérios, todo o conselho de Deus e Seu caminho perfeito. Ao nos conformarmos ao Padrão, que é Cristo, nossa mente cheia da Palavra de Deus rejeita o padrão imposto pelo mundo e faz de nós um padrão para ele. Nós temos a mente de Cristo (1Co 2.14-16), submissa ao Espírito Santo e direcionada por Ele. As respostas que o mundo não tem, nós as temos (1Co 2.9,10). Entretanto, são necessárias a submissão e a obediência constantes ao Senhor, pois assim, aos poucos, Ele nos revelará cada vez mais de Sua verdade e vontade (Pv 1.7).

Temos a verdadeira resposta para o mundo que clama. Para sermos mensageiros de Deus ao mundo, devemos nos alimentar com Sua Palavra, como Cristo se alimentou (Mt 4.4), e aproveitar as oportunidades que temos para influenciar: “Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades.  O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um” (Cl 4.5,6).

Num mundo insano, como sábios em Cristo (1Co 4.10), transmitiremos graça aos que nos ouvem (Ef 4.29) e, assim, as pessoas crerão no nosso Salvador com a razão e com a fé que vem ao ouvir a palavra de Cristo (Rm 10.17).



Lucas Pequeno é formado no Cursos de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida e no curso Teológico Ministerial (TM) do Seminário Bíblico Palavra da Vida. É pastor de jovens e adolescentes na Igreja Batista Betel em Presidente Prudente, SP.


Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.