A luta contra os “pecadinhos”

Karen McMahon

Você já sentiu o cansaço e o peso da batalha aparentemente impossível contra o pecado? Recebemos a ordem de dizer não ao pecado diariamente, mas podemos ficar cansados ​​na batalha. A maturidade espiritual não é fácil. Como seguidores de Cristo, porém, temos a obrigação de viver alertas e lutar agressivamente contra todos os pecados, grandes e pequenos.

 O problema do pecado
Pecado é o que cometemos quando nosso coração não está satisfeito com Deus. Pecamos porque acreditamos que existe alguma promessa de felicidade. O pecado promete liberdade, alegria e felicidade sem fim, mas nunca cumpre suas promessas. Ele nunca fala a verdade.

Quando Deus nos chama ao relacionamento com Ele, vamos a Ele com o coração contaminado por motivos e desejos egoístas. Assim começa o processo de santificação, que poda nossos desejos pecaminosos que buscam encontrar seu prazer fora da vontade e dos caminhos de Deus.

Nosso relacionamento com Cristo não começa com uma mudança de comportamento, mas com uma transformação interior operada por Deus para sermos parecidos em Cristo (Rm 12.2; 8.29) o que, consequentemente, muda nosso comportamento. Nossas palavras e ações nos dizem quem realmente somos. Nenhum de nós consegue por conta própria viver de uma maneira que honre a Cristo. Como crentes, porém, temos o Espírito Santo que habita em nós e nos dá o desejo e a capacidade de fazer o que é certo (Fp 2.13). Portanto, aumentar o nosso ódio pelo pecado e o desejo de lutar contra o pecado é uma evidência clara de que somos verdadeiramente salvos em Cristo.

Você pode testar e avaliar o quadro atual do pecado em sua vida:

• Você se sente confortável em “dizer não” ao pecado em sua vida?
• Você justifica o pecado convencendo seu coração de que você não é tão mau, pois outros cometem pecados “maiores” que os seus?
• Você avalia regularmente suas palavras e ações, e os desejos do coração que as produzem?
• Você responde aos pecados “aparentemente pequenos” com arrependimento e tristeza?

Identifique ações e atitudes pecaminosas
Do ponto de vista de Deus, todo pecado é contra Ele e é algo muito sério, ainda que para você seja apenas um “pecadinho”.

Sempre haverá uma batalha contra nossa carne pecaminosa, mas não temos desculpa para permitir que o pecado continue a se infiltrar em nossa vida, não importa o quão “inofensivo” possamos achar que ele é.

Os exemplos de pecados “pequenos”, “aceitáveis” ou que podemos “deixar passar” são intermináveis: uma má atitude interior em relação a um trabalho ou a um membro da família, palavras sarcásticas, um pensamento crítico, uma virada de olhos, um tratamento silencioso, pensamento lascivo “secreto” ou simplesmente a impaciência.

Considere sua resposta interior quando as pessoas pecam contra você, e também as respostas que você externa. Como você reage quando alguém peca contra você? Seus pensamentos honram a Deus? Suas ações para com essas pessoas refletem o caráter de Deus? Você confia em Deus quando uma situação difícil persiste ou você permite que a ansiedade e a amargura tomem conta de você? Você aceita o que Deus lhe dá sem reclamar? Você expressa estima e carinho mesmo nas ocasiões em que sua esposa talvez não os mereça? Seu marido vê e percebe sua atitude de respeito apesar das falhas que ele talvez cometa?

Tudo o que pensamos e fazemos está diante dos olhos do Deus Todo-Poderoso e santo. Se Ele nos ordena que devemos agir ou pensar de determinada maneira e nós não o fazemos, isso é pecado. Deus quer que sejamos parecidos com Cristo não apenas em nossas ações, mas também em nossos pensamentos. Grande ou pequeno, o pecado é hediondo aos olhos de Deus: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando” (Tg 4.17). 

Reconheça todos os pecados
Quanto mais amarmos a Deus e desejarmos glorificá-lO, mais claramente veremos nosso pecado e mais odiaremos o pecado como Deus o odeia (Sl 26.5; 31.6). Quanto mais acreditarmos que Deus é nossa necessidade mais profunda e nossa própria fonte e razão de vida (At 17.28), mais lutaremos contra o poder sedutor do pecado (Sl 63.3).

Você está disposto a lidar com todo e qualquer pecado em sua vida? Você deseja lutar até mesmo contra os “pecadinhos”?

Devemos viver diariamente atentos ao engano do pecado. Paulo declara que não devemos fazer “nada que venha a satisfazer os desejos da carne” (Rm 13.14). Isso significa vigiar constantemente, ser cuidadoso, permanecer firme, estar em guarda (Mt 26.41; Lc 12.15; 1Co 16.13; 2Pe 3.17). Esta é uma batalha que deve ser travada diariamente. Ninguém que nasceu de Deus pode viver em paz com o pecado (1Jo 3.9).

“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o sangue”  (Hb 12.4).  

Nosso alvo
Mudar nossos padrões pecaminosos deve começar com um alvo: o desejo de glorificar, honrar e refletir o caráter do nosso Salvador — “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).

1- Comece por listar três pecados que você comete todas as semanas, mas não planeja realmente parar de cometer, ou pelo menos não está trabalhando para extirpar. Existem situações em que você precisa mudar suas reações, mas não está disposto a mudar? Ingratidão, orgulho, impaciência, frustração, ressentimento, fofoca, descontentamento, manipulação, ira, preocupação, mundanismo, pensamentos lascivos, egoísmo, pecados da língua, falta de autocontrole, insubmissão, uma atitude desrespeitosa para com seus pais. Seja específico em como e quando isso.

2- Quais pecados você deixa passar ou aceita porque todos os cometem? Esses são aqueles que podem nem mesmo estar na categoria de “pecado” em sua mente porque eles se tornaram muito habituais e confortáveis.

3- Pergunte a si mesmo por que você comete alguns pecados todas as semanas e outros você nunca comete. O que torna aqueles pecados aceitáveis?

• Você acha que ninguém é prejudicado?
• Ninguém descobre?
• Não há consequências?
• Não há nenhuma evidência externa?

Um verdadeiro crente deseja lutar diariamente para glorificar a Deus morrendo diariamente para si mesmo, esforçando-se para abandonar o pecado e correndo para Deus a todo tempo. No entanto, como acabamos de ver, a luta é muito longa, difícil e, às vezes, aparentemente impossível. Além disso, simplesmente reconhecer a seriedade do pecado pode ser ilusório e enganoso. É preciso ter o desejo de lutar o bom combate, mas também entender como as Escrituras nos dizem para combatê-lo.


Karen McMahon serve no Discipleship Counseling at First Evangelical Free Church in Maplewood, Minnesota, é membro fundador da Biblical Counseling Alliance e  conselheira bíblica certificada da ACBC.



Original: Fighting Against the “Small” Sins
Artigo publicado pela Association of Certified Biblical Counselors.  Traduzido com autorização.