Como iniciar o primeiro encontro com o aconselhado

Paul Tautges

É comum as pessoas perguntarem como começar o primeiro encontro de aconselhamento tanto no contexto formal quanto informal. Se puder ajudá-lo, aqui está o que faço.

Direcionar o aconselhado a Deus, o Conselheiro.
Inicio o encontro expressando meu agrado à pessoa por ela mostrar o desejo de buscar a ajuda de Deus na luta que está enfrentando. Garanto-lhe que não sou “o homem das respostas”, mas que Deus é nosso ajudador e nos deu Sua Palavra infalível e o Espírito Santo para serem nossos conselheiros (Sl 119.105; Jo 14.26). Eu o lembro de que Jesus é o Sumo Sacerdote, misericordioso e empático, que experimentou todas as formas de sofrimento que podemos imaginar e muito mais (Hb 4.15). Leio frequentemente partes do Salmo 46.

Levá-lo ao trono da graça de Deus.
Em seguida, conduzo um momento de oração, agradecendo a Deus por ser nosso auxílio sempre presente em tempos de dificuldade, e pedindo que Ele guie nosso tempo juntos, conduza-nos à Sua verdade, abra nossos olhos e ouvidos espirituais para ver e ouvir Sua Palavra, torne nosso coração ensinável, ajude-nos a ser lentos para falar e rápidos para ouvir um ao outro, dê-nos esperança e mova nossa vontade para sermos praticantes da Palavra, não apenas ouvintes que se iludem (Sl 119.12, 18; Tg 1.19, 22).

Ouvir muito, falar pouco.
Antes de prosseguir, costumo ler Provérbios 18.13 – “Responder antes de ouvir é tolice e vergonha” –  e digo algo assim: “Este versículo nos diz que é tolice falar antes de ouvir; não desejo ser um tolo e, portanto, pretendo deixar você falar a maior parte do tempo”. É provável que eu faça muitas perguntas, mas meu objetivo é ouvir mais do que falar. Jay Adams escreveu: “Para o conselheiro, a maneira mais fácil de estabelecer um relacionamento confortável com o aconselhado no primeiro encontro é ser relativamente passivo, usando a maior parte do tempo para fazer perguntas e ouvir a história do aconselhando”.

Ouvir os sintomas do problema.
É raro que uma pessoa seja capaz de descrever para você a raiz do problema pelo qual ela o procurou em busca de ajuda. Em vez disso, o aconselhado descreve geralmente os sintomas, assim como fazemos  quando vamos ao médico. Ela pode acreditar que está descrevendo seu problema, mas muitas vezes está lhe dizendo como se sente, quais problemas relacionais está enfrentando e outros fardos que carrega. Seja paciente. Não interrompa imediatamente, dizendo: “Você não está realmente me contando seu problema, mas apenas os sintomas”. Deixe a pessoa falar. Deixe que o aconselhado perceba por meio de suas ações que ele é importante para você e que você está realmente interessado nele como pessoa (Fp 2.4). Com o tempo, com a ajuda do Senhor e, geralmente, não no primeiro encontro, você levará cuidadosamente seu aconselhado a identificar pelo menos uma necessidade espiritual na raiz do problema, algo que se refere ao seu amor a Deus, ao próximo ou a ambos (Rm 13.8).

Fazer muitas perguntas.
Faço o possível para interpretar a linguagem do aconselhado, mas muitas vezes preciso de esclarecimentos. Faço perguntas como:

  • Você diz que sente que sua esposa não o respeita. Você pode me dizer o que especificamente faz com que você se sinta assim?
  •  Você pode me dizer o que entende quando me conta que pediu a Jesus para entrar no seu  coração?
  • O que você vê como seu maior problema? O que você já fez numa tentativa de resolver isso?
  •  De que forma você espera que eu o ajude?
  • Quais mudanças você espera ver em sua vida quando terminarmos nossos encontros de aconselhamento?

Em sua próxima leitura dos quatro Evangelhos, observe quantas vezes Jesus, o Mestre e Conselheiro, fez perguntas.

Começar a aplicar os textos bíblicos apropriados.
Mais uma vez, lembre-se de que seu objetivo durante o primeiro encontro é ouvir atentamente e comunicar esperança e compaixão. Entretanto, preste atenção ao fio condutor que percorre a linguagem do aconselhado e revela padrões de pensamento e desejos do coração, e chame a atenção para um ou dois textos bíblicos pertinentes e que transmitem esperança. O Espírito irá guiá-lo. Seja sábio, gentil e cheio de graça (Tg 3.17).

Dar esperança bíblica e atividades práticas.
Comunique ao aconselhado que a Palavra de Deus tem as respostas, dá a esperança que é tão importante no enfrentamento dos problemas e conduz no processo bíblico de mudança. Dê ao aconselhado uma atividade prática adequada, que trabalhe seu coração e mente no processo de mudança, para que ele a faça antes de vocês se encontrarem novamente. Essa atividade comunica esperança à pessoa e atribui responsabilidade pessoal pelo próprio crescimento, encorajando-a assim à ação em direção a uma mudança (Fp 2.12, 13). A atividade prática feita entre os encontros testa a sinceridade do desejo e disposição da pessoa para crescer, e é uma parte importante do processo de conduzir à renovação diária da mente, pois ativará e direcionará seu pensamento para a verdade bíblica (Rm 12.1, 2; Ef 4.22-24).

Levar novamente o aconselhado ao trono da graça em oração.
Juntos, peçam a ajuda de Deus na aplicação dos recursos que Ele já deu na Palavra e no Espírito Santo.


Paul Tautges é conselheiro certificado pela Association of Certified Biblical Counselors (ACBC), pastor sênior da Cornerstone Community Church em Mayfield Heights, OH, e autor em Counseling One Another.



Original: How I Begin the First Counseling Session
Artigo publicado pela Association of Certified Biblical Counselors.  Traduzido com autorização.

Tradução de Carla Silva
Revisão e adaptação para o português por Conexão Conselho Bíblico