Greg Gifford
Cada encontro de aconselhamento tem um objetivo. No nosso primeiro encontro com um aconselhado, devemos buscar um relacionamento de confiança, incutir esperança e coletar dados. No entanto, chegando ao nosso décimo segundo encontro com um aconselhado, procuraremos dar atividades práticas para ele fazer durante a semana e ajudá-lo a se integrar na vida de sua igreja local. Todos os encontros de aconselhamento têm uma estrutura, ou deveriam ter. Como conselheiros bíblicos podemos aprender esse ritmo de administrar a estrutura dos nossos encontros por meio dos Elementos Fundamentais do Aconselhamento Bíblico.[1]
Quero apresentar aqui algumas reflexões sobre o gerenciamento da estrutura dos encontros de aconselhamento. Devemos começar com um conhecimento prático dos elementos-chave do aconselhamento bíblico: construir envolvimento, incutir esperança, coletar dados, interpretar o problema, instruir biblicamente e atribuir atividades práticas. Esses elementos são base para a totalidade do nosso aconselhamento. Se você não está bem lembrado desses elementos, ou talvez nunca tenha ouvido falar sobre eles, você precisa realmente fazer uma pausa e atualizar-se no seu preparo. Um ótimo recurso para ajudá-lo é o livro Elementos-Fundamentais do Aconselhamento Bíblico, no qual Wayne Mack fornece uma articulação detalhada dos elementos-chave na forma dos “8 Is”.[2]
Estrutura geral dos encontros no processo de aconselhamento
Depois de revisar os elementos-chave, deixe-me descrever como eles correspondem aos nosso encontros de aconselhamento usando um modelo de 12 encontros:
- Encontros 1-3 : Esses encontros são o momento de envolver-se com o aconselhado, incutir esperança, coletar dados e discernir o problema. Embora ofereçamos instrução bíblica e compartilhemos o evangelho com nosso aconselhado, os elementos-chave são Interação, inspiração, inventário e interpretação.
- Encontros 4-8 : A esta altura, já estabelecemos envolvimento e demos esperança, então nosso foco está na instrução bíblica, na indução e na implementação com atividades práticas. Nesta fase de nosso aconselhamento, estamos considerando o que ouvimos em nossos encontros iniciais e formando um plano para lidar com esses problemas biblicamente. Parte de cada um destes encontros será uma quantidade razoável de instrução bíblica e discussão de atividades práticas.
- Encontros 9-12 : Nesta fase, sem dúvida, buscamos sempre fortalecer o relacionamento com nosso aconselhado, mas quando nos aproximamos do final do aconselhamento, esse relacionamento já deve estar bem estabelecido. Assim, procuramos nos certificar de que nossos aconselhados coloquem em prática o que lhes ensinamos ao longo do processo. Nós os instruímos nos encontros 4-8 e agora os estamos incentivando à implementação por meio das atividades práticas de casa e a integração da instrução em cada aspecto de sua vida.
Estrutura de cada um dos encontros
O que acabamos de ver é o fluxo geral do nosso aconselhamento da interação à integração. No entanto, cada encontro também reflete os elementos-chave, pois vamos inserir os elementos-chave do aconselhamento bíblico na gestão do tempo de cada um dos encontros. Considerando como exemplo um quarto encontro com o aconselhado, isso significa que cerca de um terço do nosso tempo é para interação, ou seja, cultivar um relacionamento de confiança, acompanhado pela verificação das atividades práticas feitas. Em seguida, passamos para a instrução bíblica e dedicamos um terço do nosso tempo para ensinar a Palavra de Deus. Por fim, passamos à aplicação prática por meio da implementação. Se fôssemos colocar em formato gráfico, veríamos que um quarto encontro se pareceria mais ou menos com este gráfico de pizza:

Como você pode ver, os elementos-chave estão presentes também na estrutura de cada um de nossos encontros de aconselhamento.
Implicações para considerar
Existem algumas coisas que os conselheiros bíblicos precisam considerar quanto à estrutura dos encontros de aconselhamento.
Em primeiro lugar, uma estrutura é essencial. Temos um objetivo e estamos trabalhando para alcançá-lo. Nenhum de nossos encontros deve deixar de ter um objetivo e simplesmente vagar pelos problemas do aconselhado. Nos encontros, teremos sempre alguns dos elementos que estão presentes na estrutura geral dos encontros, pois eles nos dão o caminho certo para atingir nosso objetivo enquanto lidamos com o problema apresentado.
Em segundo lugar, é o conselheiro quem administra os encontros. Se tivermos um aconselhado falante ou que assume o comando no uso do tempo, isso nos impedirá de realizar o que devemos como conselheiros bíblicos. O conselheiro deve, portanto, tomar a frente e gerenciar tanto o fluxo geral dos encontros quanto a estrutura de cada um dos encontros. Aqueles que forem por natureza retraídos ou pacatos, devem crescer na assertividade para administrar bem os encontros de aconselhamento. Caso contrário, eles se deixarão distrair e desviar do rumo.
Finalmente, usar essa estrutura padrão nos nossos aconselhamentos ajuda-nos a ter uma estrutura fácil de ser duplicada e ensinada para a geração seguinte de conselheiros. Essa estrutura permite-nos aprender a aconselhar e também avaliar o nosso aconselhamento. Isso significa que, observando os elementos-chave do aconselhamento, podemos saber se estamos no caminho certo e em que ponto estamos no processo. Além disso, por exemplo, quando um conselheiro novato nos perguntar como deveria ser seu terceiro encontro com o aconselhado, poderemos orientá-lo nesse planejamento.
Esclarecimento e conclusão
Quanto mais aconselhamos, mais reconhecemos que nossos encontros devem ter alguma estrutura. A questão é: qual estrutura escolher e como podemos administrar adequadamente os encontros dentro de nossa estrutura? Os elementos-chave do aconselhamento bíblico são incontestáveis em sua utilidade para entender o processo de aconselhamento bíblico e ajudar a ministrar efetivamente a Palavra de Deus aos aconselhados. Eles são de grande importância quer no planejamento de cada encontro, quer na progressão geral dos encontros. Portanto, use os elementos-chave para estruturar seus encontros e para ajudá-lo a avaliar seu progresso no aconselhamento.
Se você ainda não compreendeu devidamente os elementos-chave, será difícil colocá-los em prática. O acompanhamento de um conselheiro bíblico experiente e a leitura de Elementos-Fundamentais do Aconselhamento Bíblico podem ajudá-lo.
Perguntas para reflexão
- Você planeja adequadamente cada um dos seu encontros de aconselhamento?
- A sua tendência é perder o rumo, deixando que o aconselhado o distraia?
- Como você pode usar o que leu para melhorar o planeamento dos seus aconselhamentos?
[1] MACK, Wayne. Elementos bíblicos fundamentais do processo bíblico de mudança. São Paulo: Nutra, 2022. 200 p.
[2]

MACK, Wayne. Elementos bíblicos fundamentais do processo bíblico de mudança. São Paulo: Nutra, 2022. 200 p.
Links: Livro impresso
Este livro oferece oito princípios que, embora sejam apresentados em uma sequência, não deveriam ser considerados estanques, ou seja, primeiro se faz isso e depois aquilo, mas como aspectos dinâmicos de um processo de aconselhamento. O autor é enfático em apresentar a Palavra de Deus, interpretada e aplicada pelo Espírito Santo, como fundamental nesse processo de mudança, oferecendo, a partir das Escrituras, modelos, exemplos e procedimentos que desafiarão o aconselhado, não só a lidar com os próprios problemas, mas a uma disposição de ministrar a outros que enfrentam igualmente suas lutas e, dessa maneira, cumprir o que Paulo ensina tanto aos efésios como aos colossenses (Ef 4.12b,13; Cl 3.16).
Você pode conhecer mais este livro em https://conselhobiblico.com/2022/10/01/elementos-fundamentais
Greg E. Gifford é professor assistente de aconselhamento bíblico em The Master’s University (TMU). Sua formação inclui o mestrado em aconselhamento bíblico em The Master’s University e o doutorado também em aconselhamento bíblico no Southwestern Baptist Theological Seminary. Antes de ingressar no corpo docente de TMU, serviu como pastor e conselheiro bíblico em tempo integral e também como conselheiro em organizações sem fins lucrativos. É conselheiro certificado pela Association of Certified Biblical Counselors (ACBC) e autor de dois livros: Helping Your Family through PTSD e deHeart and Habits.
Original do artigo: Managing the Structure of Your Counseling Sessions
Artigo publicado pela Biblical Counseling Coalition. Traduzido com autorização.
Tradução e adaptação para o português por Conexão Conselho Bíblico