Estar desencorajado é sinônimo de “falta de espiritualidade”? Em Deserted by God [Desertado por Deus], Sinclair Ferguson responde a esta pergunta. (via Ligornier Blog)
Ao longo dos séculos, de tempos em tempos, os cristãos ensinaram, às vezes com trágicas consequências, que as pessoas verdadeiramente espirituais nunca se sentem desencorajadas. Ficar desanimado, é, por definição, ser “pouco espiritual”! A menos que estejamos bem alicerçados nas Escrituras, é bem fácil nos sentirmos esmagados, confusos e ainda mais desencorajados por este tipo de ensino.
Este ensino parece ter lógica: se o Evangelho nos salva, ele deve nos salvar da falta de ânimo! Isto também parece ser maravilhosamente espiritual. Afinal de contas, não somos todos “mais que vencedores por meio daquele que nos amou” (Rm 8.37)?
Esta, porém, não é a lógica bíblica nem a verdadeira espiritualidade. O Evangelho nos salva da morte, não por remover a morte, mas por nos ajudar a enfrentá-la pelo poder da vitória de Cristo e, assim, superá-la. A mesma coisa ocorre com o pecado. E acontece igualmente com o desânimo. A fé em Cristo não remove todas as causas do desânimo; ela nos ajuda a superá-las. Podemos ficar desanimados, mas não precisamos ser derrotados por ele.
Também não é a espiritualidade bíblica; é uma falsa “super-espiritualidade” que ignora ou nega a realidade da nossa humanidade. Nós vivemos na fragilidade de carne e sangue, e em um mundo caído, o qual, segundo João, “subsiste no poder do maligno” (1Jo 5.19). Há muitos motivos para desanimar. Jesus se sentiu desencorajado. Querer estar acima de um possível desânimo é querer ser “mais espiritual” do que Jesus, o que, na verdade, não configura a espiritualidade verdadeira!
Se você está passando por um momento de desânimo, vá Àquele que entende perfeitamente a situação e pode ajudá-lo a ser mais do que vencedor. A leitura dos Salmos como se fossem sua oração pode ser de tremendo benefício nos tempos de abatimento, ajudando a verbalizar suas perplexidades diante de Deus com sinceridade e esperança.
Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto?
Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia? Até quando o meu inimigo triunfará sobre mim?
Olha para mim e responde, Senhor meu Deus. Ilumina os meus olhos, do contrário dormirei o sono da morte;
os meus inimigos dirão: “Eu o venci”, e os meus adversários festejarão o meu fracasso.
Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação.
Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito.
Salmos 13