Ana Clara Weber Fink
Você se lembra do filme Titanic? Aquele grande e potente navio, considerado como “inafundável”, naufragou por causa de um iceberg, um pedaço de gelo que parece pequeno acima da superfície do mar, mas na verdade grande e capaz de derrubar um enorme navio.
Eu tenho um iceberg em minha vida que se manifesta em diferentes atitudes.
Focalizo na minha falta de talentos.
Desgasto-me com aquilo que os outros pensam de mim.
Magoo-me com críticas.
Não gosto de ser ensinada.
Menosprezo os outros.
Sou defensiva e transfiro minha culpa para os outros.
Não gosto de admitir que estou errada.
Minimizo meus pecados.
Sou invejosa e ciumenta.
Não tenho relacionamentos próximos e não me deixo conhecer com facilidade.
SOU ORGULHOSA!
Imagine, você, que talvez tenha sido bem fácil admitir isso para mim mesma. Orgulhosos admitem seus erros com muita facilidade? Não. Não foi nada fácil. Sempre achei que algumas dessas atitudes que listei como, por exemplo, “desgasto-me com o que os outros pensam” ou “magoo-me com críticas” fossem reflexo de uma baixa autoestima. Isso é o que eu ouvia dizer ao meu redor, e aquilo em que acreditei. No entanto, descobri há pouco tempo que essas são, na verdade, um reflexo de uma estima bem alta de mim mesma, e que minha maneira de pensar era uma tentativa de justificar e minimizar aquilo que a Bíblia chama de pecado.
O iceberg do orgulho irrompe em minha viagem todos os dias. Se eu descuidar, ele pode fazer com que eu acabe naufragando. A minha viagem é em direção a Cristo e a ser parecida com Ele cada dia mais, mas infelizmente o orgulho quer me impedir de prosseguir. Já passei por muitas situações vergonhosas por causa dele, mas essas situações foram importantes para eu reconhecer que preciso mudar.
Em busca de solução, li essa frase de C. J. Mahaney: “Orgulho é quando seres humanos pecadores desejam o prestígio e a posição de Deus, e se recusam a reconhecer a sua dependência dEle” (Humildade: verdadeira grandeza, p. 30). Logo que a li pensei: “Não, eu não sou assim, de jeito nenhum!”. Infelizmente, porém, tenho que dizer: “Sim, eu sou assim, sou uma pecadora miserável, que se acha melhor que Deus!”. Como consigo ser tão ridícula? Sou ridícula porque sou orgulhosa!
A Bíblia diz que o orgulho termina por humilhar o homem diante de outros: “O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra” (Pv 29.23). Ele esconde uma vida de pecados: “A vida de pecado dos ímpios se vê no olhar orgulhoso e no coração arrogante” (Pv 21.4). Ele leva à destruição: “O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda” (Pv 16.18). Ele é detestado pelo Senhor: “O Senhor detesta os orgulhosos de coração. Sem dúvida serão punidos” (Pv 16.5). Resumindo, o orgulho me leva ao naufrágio porque ele não permite que eu reconheça meus pecados e, se eu não os reconheço, eu não me arrependo.
Deus detesta os orgulhos porque eles resistem à Sua ação, não querem se submeter a Ele e ser moldados por Ele. Deus detesta minha atitude orgulhosa, Ele detesta meu pecado, mas eu sei que ao mesmo tempo Ele me ama e me capacita em Cristo para mudar.
Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu, foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele. Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros dos seus corpos ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros dos seus corpos a ele, como instrumentos de justiça. (Rm 6.6-12)
Não quero naufragar, quero conseguir desviar desse iceberg e continuar minha viagem com sucesso todos os dias. Por isso, recalculo a rota − a Rota da Humildade desvia do iceberg Orgulho.
A humildade é o grande oposto do orgulho. Enquanto o orgulho me impede em ter um relacionamento profundo com Deus, a humildade me leva para muito mais perto dEle. Enquanto o orgulho faz com que eu encubra meus pecados, a humildade faz com que eu me arrependa e procure mudança: “Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (1 Pe 5,5b). Devo me despojar do orgulho e me revestir da humildade.
Assim, sigo com meu navio por essa nova rota, não mais como o “inafundável” Titanic, mas como um simples barco a velas, frágil e dependente do Vento para chegar bem até seu destino. Sigo como deveria ser desde o início, reconhecendo todos os dias que sou frágil e que Deus é soberano em minha vida. Sem Ele, eu não seria capaz de acordar todas a manhã: “Eu me deito e durmo, e torno a acordar, porque é o Senhor que me sustém” (Sl 3.5).
Dependendo de Deus e acredito que Ele tem poder para mudar uma orgulhosa dia após dia.
Ana Clara Weber Fink escreveu este post quando era aluna do Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.