Aprendendo com Rute (Parte 2)

Elisa Bentivegna da Silva

Você pode ler sobre os dois primeiros capítulo do livro de Rute aqui. Agora iremos as dois capítulos finais.

Rute, capítulo 3
Se você leu a primeira parte, deve ter percebido que Rute e Boaz definitivamente chamaram a atenção um do outro. Mas quando, afinal, Rute começou a “investir” em Boaz? Espere. Pare. Veja o que, de fato, aconteceu: “Certo dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: “Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para sua felicidade” (Rt 3.1).

Isso mesmo. Não foi Rute quem disse para a sogra: ‘Minha sogra, agora preciso procurar um lar seguro, para minha felicidade’. Não que Rute não desejasse isso também, mas é interessante observar que a iniciativa veio de Noemi. E mais, Noemi também instruiu Rute sobre como ela deveria agir para com Boaz. Rute foi humilde e sábia para ouvir e seguir os conselhos da sogra.

O conselho de Noemi era recorrer à obrigação que Boaz tinha para com elas como parente. A “estratégia” de Rute não envolvia “dar em cima” de Boaz, seduzi-lo, manipulá-lo ou algo assim. Pelo contrário, ela fez tudo de acordo com as instruções de Noemi, informando a Boaz que ele era resgatador.[1]

Boaz lhe respondeu: “O Senhor a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é ainda maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens, ricos ou pobres! Agora, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa”. (Rt 3.10-11)

Boaz ficou muito feliz com a notícia! Cumprir aquela obrigação, na verdade, seria um prazer para ele. Falaremos mais sobre Boaz no terceiro post desta série. O foco, agora, está em Rute. Segundo Boaz, ela era bondosa, pois poderia ter ido atrás de outros em vez de ir atrás dele. Isso revela algo importante sobre as prioridades do coração de Rute, sobre o que ela buscava em um marido. Boaz continuou chamando-a de virtuosa. Repare que Rute poderia ter sido uma jovem bonita, que despertou o interesse de Boaz assim que este a viu, mas foi por sua virtude que ela foi intensamente elogiada.

O passo seguinte? Esperar. Rute fez sua parte, dizendo a Boaz que era resgatador. Ela não resolveu tudo por conta própria, nem teria como fazê-lo. Ela abriu espaço para que Boaz tomasse uma decisão e fizesse o que precisava fazer. Veremos com mais detalhes esse trecho quando falarmos sobre Boaz. Quanto a Rute, naquele momento, só lhe restava esperar.

E você?
Você consegue ver pontos em comum entre as atitudes de Rute e as suas? Vamos por partes.

Você conversa com seus pais sobre rapazes, namoro e casamento?
Você ouve e segue os conselhos que eles dão ou toma suas própria decisões independentemente do que eles dizem?
A Bíblia diz que o sábio ouve os conselhos e o tolo os ignora. Você tem sido sábia ou tola nessa área tão importante de sua vida?
Qual é, afinal, a sua “estratégia”? Você quer conquistar pela aparência e sensualidade ou investir em um caráter virtuoso? Não vale responder apenas na teoria. Vamos colocar nestes termos: você passa mais tempo com a Bíblia ou com o espelho?
Que tipo de rapaz a atrai? O que isso revela sobre as prioridades do seu coração?
Você está disposta a esperar o tempo de Deus? Ou quer tomar as rédeas e resolver tudo com o seu jeitinho?

Rute, capítulo 4
Depois que Boaz resolveu tudo o que a situação exigia, ele e Rute se casaram e tiveram um filho, Obede. Por seu amor, devoção e obediência, Rute foi grande fonte de bênção na vida de Noemi, sua sogra (Rt 4.15). As mulheres louvaram a Deus pela vida de Noemi, que agora tinha um resgatador e um neto, filho da sua nora que a amava e lhe era melhor do que sete filhos!

Além de ter sido bênção na vida de Noemi e, com certeza, na vida de Boaz, Rute também teve o imenso privilégio de ser a bisavó do rei Davi e de fazer parte da linhagem de Jesus, o Salvador de toda a humanidade. Essa grande bênção Rute provavelmente nunca teria imaginado. Deus faz grandes coisas quando confiamos nEle e entregamos todos os nossos caminhos a Ele, com total amor e devoção a Ele e com amor aos outros, colocando as outras pessoas acima de nós mesmas.

E você?
Que você e eu imitemos o exemplo de Rute – uma mulher amorosa, leal, altruísta, serva, humilde, sábia, obediente, pura, paciente. Que Deus nos capacite a viver assim para a Sua glória e para que nós desfrutemos mais e mais da alegria e das bênçãos que resultam para nós e para os outros quando nossa vida segue os ensino da Sua Palavra!

[1] Na lei judaica, o resgatador era o parente mais próximo responsável pela proteção dos interesses dos membros necessitados da família. Rute era viúva de um filho de Noemi, que morreu sem deixar filhos. Havia, portanto, a possibilidade de que o parente mais próximo de Elimeleque, o marido de Noemi, pudesse se casar com ela e ter um filho que seria considerado filho do falecido, levando o nome deste. Da mesma forma, as terras da família necessitavam de um resgatador para que as viúvas não perdessem a sua posse (conforme Dt 25.5-10 e Lv 25.23-25).

Você pode ler os posts sobre Boaz aqui e aqui.


Elisa Bentivegna da Silva é formada em jornalismo e também no Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.  É autora de Rumo ao Altar: conselhos para noivas.

Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.