O que Boaz tem a ver com o meu namoro? (Parte 2)

Elisa Bentivegna da Silva

Se você não leu a parte 1 sobre Boaz, veja aqui antes de prosseguir. Você pode também ler os dois posts sobre Rute aqui e aqui.

Rute, capítulo 3
Boaz tratou Rute com todo respeito, e quando ela lhe lembrou que ele era seu parente resgatador[1], ele a abençoou, a elogiou novamente por sua virtude e prometeu que cuidaria dela. Boaz estava disposto a assumir a sua responsabilidade, e com muita alegria! Havia, porém,  um pequeno empecilho: Boaz não era o primeiro na lista como resgatador, e ele sabia disso. Havia um parente ainda mais próximo que ele, e era legalmente necessário consultá-lo antes. Boaz só poderia se casar com Rute se o outro resgatador não quisesse assumir tal responsabilidade.

O que chama a minha atenção é que essa história se passou na época dos juízes (Rt 1.1). Sabe como esse período ficou conhecido? Juízes 21.25 dá uma boa dica: “Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo”. Mesmo em uma época em que cada um fazia o que lhe parecia certo ou, talvez, mais conveniente, Boaz obedeceu à lei que ordenava que ele consultasse o outro resgatador. Mesmo que o seu desejo fosse resgatar Rute imediatamente, ele não colocou a carroça à frente dos bois.

Então, lá foi Boaz. Temente a Deus, decidido a obedecer à Sua lei, disposto a prover as necessidades de Rute. Ele era um homem de iniciativa: iria resolver a questão no mesmo dia, diante de Deus e das partes interessadas. Não postergou a sua responsabilidade nem a encarou como um peso. Pelo contrário, tinha o alegre desejo de abençoar Rute, cuidar dela e desfrutar de um relacionamento puro e belo com ela.

Rute, capítulo 4
Como é lindo ver que enquanto Rute esperava, Boaz foi logo resolver a situação, como havia dito que faria. Rute não precisava resolver a situação. Essa não era a função dela. Ela fez a sua parte e deixou que ele assumisse a responsabilidade que era dele.

No encontro de Boaz com o outro resgatador, podemos perceber um contraste muito claro entre eles. Pela maneira de Boaz conduzir a conversa, ficou evidente que o outro parente até queria resgatar a propriedade, mas quando soube das implicações maiores com respeito a Rute, com quem deveria se casar e a quem deveria dar um filho que não levaria o seu nome, mudou rapidamente de ideia. Não sabemos a razão de tal desistência, mas sabemos que Boaz foi quem se dispôs a agir com desprendimento total e cumprir plenamente a responsabilidade de resgatador. Boaz era rico e influente, mas tinha um coração de servo e, conhecendo Rute, sabia que aquilo não seria um sacrifício, mas um prazer, mesmo que pudesse haver custos.

Seu futuro “Boaz”
Será que o futuro marido da sua listinha se parece com Boaz? O que dizer do menino de quem você gosta, do seu pretendente ou seu namorado? Confira com a ajuda destas perguntas:

Ele é temente a Deus e obedece à Sua Palavra mesmo quando todos ao redor só se importam com os próprios desejos e conveniência?
Ele obedece às autoridades de Deus em sua vida? Por exemplo, obedece aos pais? Obedece às leis?
Ele a incentiva a temer e obedecer a Deus também?
Ele sabe esperar o tempo certo para a intimidade, como Boaz, ou coloca a carroça à frente dos bois?
Ele tem iniciativa para assumir, com alegria, a responsabilidade dele no relacionamento?
Ele está se preparando para um futuro casamento, buscando se tornar um homem cada vez mais bíblico?

O final da história
Ah, sim, o final da história! Diante do testemunho e da bênção de Deus e dos homens, e com a aprovação das autoridades legais, Boaz se casou com Rute. Como se não bastasse o final feliz, o livro de Rute termina com uma interessante genealogia. Rute e Boaz foram os bisavós do rei Davi. Consequentemente, fizeram parte também da linhagem de Jesus Cristo, o nosso Eterno Resgatador! É maravilhoso ver a soberania de Deus nessa história de amor e na História.

Não temos motivo para duvidar do cuidado e amor fiel de Deus também em nossa vida e, inclusive, em nossa história de amor.

[1] Na lei judaica, o resgatador era o parente mais próximo responsável pela proteção dos interesses dos membros necessitados da família. Rute era viúva de um filho de Elimeleque, que morreu sem deixar filhos. Havia, portanto, a possibilidade de que o parente mais próximo se casasse com ela e tivesse um filho que seria considerado filho do falecido, levando o nome deste. Da mesma forma, as terras da família necessitavam de um resgatador para que as viúvas não perdessem a sua posse (conforme Dt 25.5-10 e Lv 25.23-25).


Elisa Bentivegna da Silva é formada em jornalismo e também no Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.  É autora de Rumo ao Altar: conselhos para noivas.

Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.