Giovana Teixeira Reimer
Você, com certeza, já esteve dentro de um carro, certo? Já parou para pensar como é impressionante que algo que pesa mais de uma tonelada, e transporta várias pessoas, é controlado por um volante que mede apenas cerca de quarenta centímetros de diâmetro? E se tomarmos como exemplo os navios? A Bíblia diz: “Embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto” (Tg 3.4).
Da mesma forma que o carro e o navio são controlados por elementos bem menores do que eles, a Bíblia nos alerta que a língua, tão pequena se comparada ao tamanho do nosso corpo, pode causar um forte impacto. Tiago iguala o impacto causado por esse pequeno membro, que contamina o corpo todo, a uma simples fagulha que é capaz de incendiar uma floresta inteira.
Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. (Tiago 3.5-6)
As ilustrações que Tiago usa, deixam bem claro que a língua tem um grande poder sobre nós. Por esse motivo, é muito importante que aprendamos a controlá-la, e essa não é uma tarefa nada fácil! É tão difícil que Tiago afirma que se alguém conseguir controlar sua língua, controlará todo o seu corpo: “Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo” (Tiago 3.2).
Agora que estudamos um pouco a razão bíblica do por que devemos controlar nossa língua, é necessário entendermos como fazer isso. Como avaliar se estou pecando em meu falar?
Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. (Ef 4.29)
Comentários duros e negativos, sarcasmo, palavras grosseiras, fofocas são palavras inúteis das quais daremos conta a Deus (Mt 12.36). Em seu livro Pecados Intocáveis, Jerry Bridges enfatiza como a proibição de Paulo em Efésios 4.29 é absoluta. Bridges afirma:
Ao examinarmos Efésios 4.29, observamos que não devemos permitir que nenhuma conversa corrupta saia de nossa boca (…) nada de palavra destruidora. Nenhuma sequer. Isso significa nada de fofoca, nada de sarcasmo, nada de críticas, nada de palavras grosseiras. (p. 154)
Efésios 4.29 deve nortear nossas conversas, mas vale lembrar que não devemos apenas estar atentos e sermos cuidadosos com aquilo que falamos, mas também com os nossos pensamentos. Não basta apenas controlar-se ou “se segurar” para não pecar no falar; é preciso entender que o que falamos é um reflexo do que está em nosso coração e, por esse motivo, devemos cuidar para que aquilo que há em nosso coração, nossos pensamentos e desejos, seja agradável diante de Deus.
Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração. (Mt 12.34)
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador! (Sl 19.14)
É importante ressaltar que essa não é uma atitude que somos capazes de executar por nossas próprias forças. Somente com o auxílio do Espírito Santo podemos manter nossa língua sob controle, como fruto de um coração que ama e procura agradar a Deus.
A cura para nossos pecados, sejam vergonhosos, sejam aceitáveis, é o evangelho em sua maior abrangência. (…) Cristo, em sua obra por nós e em nós, livra-nos não somente do castigo do pecado como também de seu domínio ou poder reinante em nossas vidas. (Jerry Bridges, p. 33).
Sim, você precisa tomar cuidado com a língua!
Giovana Teixeira Reimer é formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi aluna do Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.