Elisa Bentivegna da Silva
Você se entristeceu pelos seus pecados nessa última semana? Por quê?
a) Porque acabaram me descobrindo.
b) Porque meus pais/amigos ficaram decepcionados comigo.
c) Porque teve uma consequência que não foi agradável.
d) Porque fiquei frustrado comigo mesmo.
e) Outro
Em 2Coríntios 7.8-10 Paulo escreve que ficou muito feliz pelo fato de a sua carta anterior ter entristecido os coríntios. Como assim? Naquela carta, ele havia confrontado seus leitores sobre seus pecados, e eles haviam ficado tristes. O motivo que deixou Paulo tão alegre foi o tipo de tristeza deles.
Mesmo que a minha carta lhes tenha causado tristeza, não me arrependo. É verdade que a princípio me arrependi, pois percebi que a minha carta os entristeceu, ainda que por pouco tempo. Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte. Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito. (2Co 7.8-10)
Você consegue perceber a diferença entre a tristeza segundo Deus e a tristeza segundo o mundo? Os coríntios não ficaram amargurados nem irados com Paulo por causa da bronca recebida. Pelo contrário, ficaram tristes conforme Deus queria, e isso os levou ao arrependimento, não ao remorso. Esse arrependimento produziu transformação naquelas vidas.
Quando me entristeço pelo meu pecado por causa das consequências ou porque fui pega no flagra, não se trata de um arrependimento verdadeiro. Essa é a tristeza segundo o mundo, que em vez de ser teocêntrica, entendendo a perversidade do pecado, é egoísta e motivada pelas consequências dolorosas do pecado que não quero enfrentar. Esse tipo de tristeza não leva a transformação alguma.
Enquanto só quisermos ter uma vida certinha, legal, confortável, sem muitas consequências ruins, sem desapontar ninguém, não seremos motivados por temor genuíno a Deus. Uma pessoa não conhece pessoalmente a Cristo nem teme a Deus também pode querer se livrar de hábitos ruins porque ela mesma está sendo prejudicada por eles.
Já a tristeza segundo Deus gera arrependimento e nos dá esperança em Sua graça. Isso acontece quando eu me entristeço pelo meu pecado, não pelas consequências que devo suportar, mas porque reconheço que o meu pecado ofende o próprio Deus. Não é o desejo de escapar das consequências que motiva o arrependimento, embora ninguém goste de consequências desagradáveis. Muito pior que a pior consequência possível é o fato de que o meu pecado insulta o Deus que é digno de todo o meu louvor.
Isso me lembra o rei Davi que, quando reconheceu seu pecado, disse: “Pequei contra o Senhor” (2Sm 12.13). É somente o profundo reconhecimento da santidade de Deus, e consequentemente o reconhecimento da gravidade do pecado que pratiquei contra Ele, que pode levar ao arrependimento genuíno e à vitória na luta contra o pecado.
No dicionário, um dos sinônimos de arrependimento é contrição, que significa “dor profunda por ter cometido pecado”. Precisamos entender que a murmuração, o descontentamento, a inveja, o temor a homens, o orgulho, os preconceitos, a imoralidade sexual, a autossuficiência, e qualquer outro pecado, são praticados contra o nosso Deus. Quando essa verdade nos causa dor profunda, chegamos ao verdadeiro arrependimento. Deus não rejeita um coração verdadeiramente quebrantado e contrito (Sl 51.17), pelo contrário, Ele é fiel e justo para perdoar e purificar (1 Jo 1.9).
Elisa Bentivegna da Silva é formada em jornalismo e também no Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida. É autora de Rumo ao Altar: conselhos para noivas.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.