Elisa Bentivegna da Silva
Você sabe como ela é. Um convite sutil, ou nem tanto, para o pecado. Você já se sentiu cansado de lutar contra as tentações? Frustrado por não vencê-las? Como cristãos, sempre enfrentaremos tentações aqui na terra, em diversas áreas da vida, por causa das inclinações pecaminosas do nosso coração e pelo sistema desse mundo caído. Isso nós já sabemos. A grande questão é: como vencer a tentação e perseverar diariamente na obediência a Deus?
Para nos dar a resposta, ninguém melhor que o nosso Salvador e Mestre, Jesus Cristo, que também foi tentado, mas nunca cedeu ao pecado, a nenhum pecado. Em Mateus 4, vemos que o diabo tentou Jesus três vezes. Podemos aprender muito com como Ele respondeu a essas tentações.
Primeira tentação – Mateus 4.2-4
Jesus estava com fome, muita fome. Acabara de passar mais de um mês em um deserto, sem comer nada. Então o diabo disse a Jesus que transformasse pedras em pães. O que estava por trás daquela proposta estranha? O diabo estava dizendo a Jesus que usasse o seu poder sobrenatural para suprir suas necessidades pessoais. Jesus, citando Moisés (Dt 8.3), respondeu: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”. Ou seja, a necessidade mais profunda de Jesus era obedecer a Deus e depender dEle. A fome, é claro, é uma necessidade natural e legítima do ser humano. Entretanto, até mesmo nesse aspecto Jesus se submetia a Deus, confiando na provisão de Deus e obedecendo a Ele, mesmo que isso tivesse um custo. A obediência a Deus era primordial para Jesus – não dar um jeitinho, mas manter-se fiel a Deus.
Segunda tentação – Mateus 4.5-7
Então o diabo levou Jesus à parte mais alta do templo e disse: “Jogue-se daqui para baixo, pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão’”. Mais uma vez, o diabo tentou Jesus a usar o Seu poder de forma indevida, para fazer as coisas de forma diferente do plano divino. Dessa vez, ele até citou a Bíblia, embora de maneira distorcida, para “justificar” a proposta. Na verdade, o versículo anterior ao citado por Satanás diz: “Se você fizer do Altíssimo o seu refúgio, nenhum mal o atingirá” (Sl 91.9-10). Ou seja, o salmo ensina: “dependa de Deus, confie nEle, obedeça a Ele e Ele o protegerá”, e não “faça o que quiser, porque Deus o protegerá”. Jesus, sabiamente, rebateu citando Deuteronômio 6.16: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”. Lendo o trecho a que Jesus se referiu, vemos que pôr Deus à prova significa desobedecer a Deus, e os versículos seguintes dizem que o contrário de colocar Deus à prova é Lhe obedecer cuidadosamente.
Terceira tentação – Mateus 4.8-10
Como se não bastasse, o diabo tentou Jesus novamente. Dessa vez, com muita audácia, ele procurou negociar a adoração de Jesus. “Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: ‘Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar'” (Mt 4.8, 9). No lugar da cruz que Jesus teria de tomar, Satanás ofereceu um caminho supostamente mais fácil, rápido e sem sofrimento. Entretanto, a adoração a Deus era inegociável para Jesus e, por isso, Ele permaneceu em obediência: “Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’” (Mt 4.10).
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Você percebeu algo em comum nas três tentações? A tentação sempre distorce a verdade e faz um apelo para que o nosso coração abra mão da obediência exclusiva a Deus. Ela apresenta atalhos, caminhos supostamente mais fáceis e agradáveis, em troca de nossa adoração. Às vezes, isso acontece de forma muito sutil.
Jesus derrotou Satanás usando uma arma que todas nós temos à disposição: a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef 6.17). Ele enfrentou todas as tentações com verdades da Palavra de Deus.
Da mesma forma, somente renovando a nossa mente na verdade da Palavra de Deus podemos vencer os apelos enganosos do pecado. Veja o que Deus diz sobre enchermos nossa mente com Sua Palavra:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra. (2Tm 3.16, 17).
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. (Ef 4.22-24)
Pela bondade de Deus, podemos contar com a ajuda do próprio Jesus, aquele que venceu a tentação, para nos socorrer e oferecer graça e misericórdia no momento da necessidade: pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. (Hb 4.15, 16).
Como fazer isso, porém, sem conhecer a Palavra de Deus, sem ter comunhão com Deus diariamente pela Bíblia e pela oração? Você percebe a relação direta que existe entre a qualidade de seu tempo diário com Deus, lendo e meditando na Bíblia, e as vitórias contra as tentações?
Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra. Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos. Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti. (Sl 119.9-11)
Que o Salmo 119.9-11 caracterize a nossa vida! Que a Palavra de Deus transforme nossa forma de pensar, sentir e agir, para vencermos as tentações e desfrutarmos da alegria da obediência a Deus.
Elisa Bentivegna da Silva é formada em jornalismo e também no Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida. É autora de Rumo ao Altar: conselhos para noivas.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.