Giovana Teixeira Reimer
Muito provavelmente você já ouviu, ou até mesmo disse, frases como: “Meu corpo, minhas regras”, “Ninguém me diz o que fazer”, “Só a mulher sabe o que é melhor para ela” e “Lugar de mulher é onde ela quiser”. Todas essas frases trazem em comum um ideal que tem crescido cada vez mais na nossa sociedade, e nos influenciado sem sequer percebermos: o feminismo. Como lidar com esse tema sob uma perspectiva cristã?
Afinal, o que é feminismo?
Feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais para homens e mulheres. Ele tem assumido características específicas em suas diferentes fases, podendo ser, resumidamente, dividido em três ondas. A primeira onda surgiu entre o final do século XVIII e o início do século XIX e foi caracterizada por movimentos em busca de direitos civis. Direito ao voto, trabalho e acesso à educação são alguns exemplos dos assuntos em pauta nas reivindicações. Por conta do seu caráter prático, alguns sequer consideram essa primeira onda como feminismo. Esses movimentos foram bem-sucedidos em alguma medida. Muitos direitos foram conquistados, mas o movimento acabou perdendo sua força e ficou “adormecido”.
A segunda onda, também conhecida como feminismo moderno ou feminismo propriamente dito, surgiu nas décadas de 1950 e 1960. Enquanto o feminismo da primeira onda tinha um caráter mais prático, o feminismo de segunda assume um caráter mais ideológico. Ele se desenvolveu a partir de uma base filosófica existencialista e humanista e propôs uma redefinição radical do significado de feminilidade. Sua proposta central foi a desconstrução de qualquer ideia essencial de feminilidade que, segundo as feministas, tem historicamente oprimido e aprisionado as mulheres em uma condição inferior em relação aos homens.
A terceira onda consiste em desdobramentos mais recentes da segunda fase e está baseada nos mesmos pressupostos ideológicos que a anterior.
Ok, entendi, e qual é o problema com o feminismo?
Agora que já aprendemos um pouco mais sobre o feminismo, é importante que tenhamos claro na mente qual é o papel da mulher de acordo com a Palavra de Deus. Apenas compreendendo os planos de Deus para o gênero feminino é que poderemos entender o problema do feminismo, à luz da Bíblia.
-1- Fomos criadas por Deus e temos nossa função designada por ele.
Simone de Beauvoir, uma escritora francesa que teve influência significativa tanto no existencialismo feminista quanto na teoria feminista, é autora da famosa frase: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. Essa frase traz a ideia de que a feminilidade da mulher é uma construção social, e questiona a influência biológica nas diferenças entre os papéis exercidos por homens e mulheres. Segundo ela, o papel das mulheres está associado à coerção social que elas sofrem por meio da aprendizagem e repetição de gestos, posturas e expressões que lhe são transmitidas ao longo da vida. A Bíblia, contudo, é bem clara em relação a concepção e função da mulher:
Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”. Genesis 2.18
Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a ele. Genesis 2.22
Fomos criadas por Deus como mulheres, Ele nos fez biológica, emocional e fisiologicamente diferentes dos homens. Minha irmã faz faculdade na área da saúde, e uma vez compartilhou comigo algo que aprendeu em uma das aulas de anatomia: “A forma é a imagem plástica da função”. Essa frase aplica-se bem aqui, uma vez que a forma com que Deus nos criou está de acordo com a função para qual Ele nos designou: auxiliadoras idôneas.
A palavra “auxiliadora” tem, para muitos, uma conotação negativa, transmitindo a ideia de inferioridade do sexo feminino em relação ao masculino. Entretanto, essa é uma visão destorcida do maravilhoso plano de Deus para o relacionamento entre homem e mulher. Uma mulher auxiliadora é aquela que caminha lado a lado com seu marido e que, com equilíbrio, consegue manter o controle de seu lar e de todas as áreas da sua vida. Ela não é inferior ou menos importante, apenas exerce uma função diferente de seu marido dentro do relacionamento.
-2- A mulher deve ser submissa a seu marido
Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. Efésios 5.22-24
O feminismo é um movimento de luta para a emancipação das mulheres em relação aos homens, e busca a liberdade total do sexo feminino de qualquer prestação de contas ou dependência do sexo oposto. Para as feministas é inaceitável que a mulher seja submissa ao seu marido.
A grande questão é que a submissão bíblica é frequentemente mal interpretada, sendo entendida como algo que dá suporte para comportamentos abusivos do marido para com a esposa, ou mesmo de qualquer homem para com uma mulher. Todavia, essa ideia é equivocada. Todos nós, homens e mulheres, estamos igualmente sujeitos a autoridades em diferentes fases da vida e circunstâncias, mas a submissão que a Bíblia estabelece com relação à mulher é especificamente a seu marido, e a comparação feita entre a submissão da igreja a Cristo e a da mulher ao marido é perfeita para explicar o que realmente significa a submissão da esposa sob uma perspectiva cristã. Seria algo ruim, como igreja, estarmos submissos a Cristo? Pois bem, esse é o exemplo máximo de submissão que deve haver dentro do casamento. O marido, tal como Cristo diante de Sua igreja, deve ser o líder do lar. Ele deve ser amável, atencioso, respeitoso, abençoador, protetor, sustentador e conselheiro para com sua esposa.
-3- Fomos criadas por Deus para a honra e glória dele.
Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. 1Coríntios 10.31
Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém. Romanos 11.36
O problema do feminismo, assim como o de qualquer outro movimento que busca a “liberdade” de viver da maneira que bem entendemos, não tendo que nos submeter a nenhuma regra em relação a como devemos nos portar e vestir ou ao que devemos fazer com nosso corpo, é que essas ideias são contrarias ao que a Palavra de Deus nos ensina:
Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Gálatas 2.20
Como o versículo acima afirma, Cristo vive em nós, e tal presença em nossa vida deve mudar como nós nos relacionamos com tudo à nossa volta. Nosso modo de falar, vestir, tratar as pessoas e nosso próprio corpo deve ter como objetivo agradar e glorificar a Deus e não apenas satisfazer nossas próprias vontades e desejos. Não somos livres para agir como bem entendemos, fomos crucificadas com Cristo e, por essa razão, temos um padrão de comportamento e conduta que é estabelecido pela Bíblia.
Tome cuidado!
O discurso feminista e a conduta à qual esse movimento faz apologia diverge muito do comportamento que Deus espera de nós. Entretanto, isso não significa que devemos ter um discurso de ódio contra as feministas, agredindo as pessoas que defendem os ideais feministas, como muitas vezes ocorre no meio cristão. Cristo nos ensina a respeitar as pessoas e a tratá-las com amor, independentemente de concordarmos ou não com elas. Vale lembrar que, embora hoje tenha ideais divergentes daqueles ensinados pelas Escrituras, o movimento liderado por mulheres contribuiu inicialmente para conquistas importantes como o direito ao voto, trabalho e acesso à educação. A grande questão é que em seu desenvolvimento, os ideais que passaram a conduzir o movimento feminista, e que hoje o identificam, em nada conversam com os princípios que devem reger a vida da mulher cristã.
Não se esqueça: sermos cristãs nos define mais do que qualquer valor social ou político!
Giovana Teixeira Reimer é formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi aluna do Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.