Julyana Neris
Se suas roupas pudessem falar, o que elas diriam a respeito do seu relacionamento com Deus?
Isso mesmo! A maneira de nos vestirmos e nos arrumarmos pode dizer muito a nosso respeito. Ela pode indicar nosso humor, nossa personalidade e pode, também, apontar para nossas referências. Basta olhar a quantidade de blogs de moda, ou a popularidade dos ícones fashion do Instagram, para perceber em quem muitas de nós nos espelhamos quando se trata de se vestir. O problema disso é que, muitas vezes, os padrões adotados pelo mundo se chocam com os padrões propostos por Cristo. Então, o que devemos fazer?
Deus e meu guarda-roupa
Antes de tudo, precisamos entender que Deus se importa com como nos vestimos e nos arrumamos. Infelizmente, poucas de nós têm isso em mente quando se trata da nossa aparência. Geralmente, nossa tendência é nos vestirmos de uma forma ou de outra em busca de uma aparência atraente, ao invés de nos empenharmos em agradar a Deus por meio da nossa vestimenta. Quando pensamos que podemos nos vestir como bem entendemos, estamos ignorando dois dos principais ensinos bíblicos: amar a Deus sobre todas as coisas (Mc 12.30) e fazer TUDO para a glória dele (1Co 10.31). Inclusive vestir-se.
Quando Cristo passa a ser nosso Senhor, nós voluntariamente decidimos nos submeter a Ele, e isso inclui a maneira de vestir. Se nossos desejos pessoais falam mais alto do que nosso amor a Deus, precisamos lembrar que nos convém diminuir para que ele cresça em nós (Jo 3.30). Logo, nossas vestimentas não mais devem ter o papel principal de chamar atenção para nós mesmas, mas de levar a atenção para Cristo.
Vestir-se e maquiar-se adequadamente é muito mais do que usar uma saia curta ou comprida, uma blusa de alcinha ou de meia manga, maquiagem chamativa ou sóbria. É revestir-se da beleza do caráter de Cristo. É uma questão do coração. É uma questão de humildade: a “peça básica” do guarda-roupa de toda mulher cristã.[1]
Nossa principal referência
Deus foi o primeiro estilista, criador das roupas. A necessidade de nos vestirmos teve origem na queda, quando a culpa e a vergonha entraram na história do ser humano (Gn 3.21).[2]
Diante disso, as roupas não devem ser abominadas por nós nem supervalorizadas. O que precisamos entender é que elas cumprem um papel determinado por Deus e não por nós.
Isso significa que sua roupa diz a verdade a respeito do Evangelho. Sua roupa mostra ao mundo que Jesus cobre a sua vergonha e faz com que você seja decente. Suas roupas cobrem a sua nudez como vestir-se de Cristo cobre o seu pecado.[3]
Dessa forma, se a nossa maneira de vestir entra em conflito com nossa nova identidade de filhas de Deus, separadas por ele para serem puras e santas (Ef 1. 4, 5), é necessário rever quais têm sido nossas referências. Importamo-nos mais em estarmos na moda e de acordo com os ícones do momento, ou de acordo com os ensinamentos de Cristo? Estamos preocupadas em seguir a quem?
Padrão “modéstia, decência e discrição”
Ok. Eu já entendi que devo me vestir para a glória de Deus e de acordo com minha nova identidade em Cristo, mas o que isso quer dizer?
Isso quer dizer que quando formos escolher nossas roupas devemos levar em consideração o que a Bíblia diz acerca das nossas vestimentas. Isso nos leva ao padrão “modéstia, decência e discrição”.
[…] quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças e com ouro, nem com pérolas ou com roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que declaram adorar a Deus. 1 Timóteo 2.9-10, grifo nosso
Vestir-se com modéstia, decência e discrição não quer dizer que nossas roupas têm de ser feias e sem graça. Devemos nos vestir de tal forma que nossas atitudes falem mais alto do que nossa aparência. Quando as pessoas se lembram de você, elas a associam a como você se veste ou a como suas atitudes lembram as de Cristo? Ao se vestir, avalie se sua roupa é modesta, decente e discreta, e lembre-se de que seu objetivo deve ser agradar a Deus e não as pessoas.
A beleza que permanece
A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus. 1 Pedro 3.3-4, grifo nosso.
Sabemos que a beleza é passageira e que a juventude um dia vai acabar, mas não é isso que nossas atitudes muitas vezes refletem. É só reparar na quantidade de tempo e dinheiro que gastamos com nossa aparência. Isso não quer dizer que devemos ser negligentes e desleixadas, pois a própria mulher de Provérbios 31 é um exemplo de cuidado ao se vestir e vestir os de sua família. A diferença é que o retrato que é feito dessa mulher exemplar enfatiza muito mais sua postura e caráter, e que “a força e a dignidade são os seus vestidos” (Pv 31.25), do que sua beleza física. Isso nos lembra de que Deus está muito mais preocupado com um coração temente a Ele do que se vamos usar vestido ou calça jeans.
Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Provérbios 31.30
Como mulher, entendo perfeitamente o quanto é difícil deixar de lado nosso apego à aparência. Sei que é uma luta constante para não nos sentirmos insatisfeitas com o corpo que o Senhor nos deu e para não agirmos de maneira a buscar o elogio das pessoas. Mas sei também que Deus sabe o que faz e que o padrão dele é certamente muito melhor do que o meu. Sei que o amor dele por mim independe da minha aparência e que eu sou bela simplesmente por ser criação dele, feita à Sua imagem e semelhança (Gn 1.27).
Que Ele nos ajude nessa difícil tarefa de “despir-[nos] do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos” para “revestir-[nos] do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” (Ef 4.22-24). Que nossas roupas nos auxiliem a comunicar um relacionamento profundo com o Senhor e que, em tudo, busca honrá-lo e glorificá-lo.
[1] ALFANO, Maria Cecília. Deus e minhas responsabilidades. Atibaia, SP: Pregue a Palavra, 2016, p. 22.
[2] Idem, p. 16.
[3] KASSIAN, Mary. Esta roupa cai bem. Conexão Conselho Bíblico, disponível em https://conselhobiblico.com/2011/05/22/essa-roupa-cai-bem/. Acesso em 17 de agosto de 2016.
Julyana Neris foi aluna do Curso de Liderança e Discipulado (CLD) da Organização Palavra da Vida, e é formada em jornalismo.
Artigo publicado originalmente em Jovem Crente. Material republicado com autorização.