Pecados habituais. Há esperança e ajuda em Cristo? – Parte 1

Kevin Carson

Como você descreveria sua luta contra o pecado? Um convidado inesperado? Um inimigo perseguidor? Um perigoso rio de águas impetuosas? Uma ameaça constante? Um intruso indesejado? Uma guerra intensa? O pecado, implacavelmente, causa estragos neste mundo, em geral, e nas pessoas especificamente.  O pecado causa danos. O pecado distrai, empobrece, rouba, arrebenta vidas, deixa manchas e cicatrizes, desorienta, engana, distorce a verdade. O pecado escraviza. Como seguidores de Cristo, o pecado está ao nosso redor; anteriormente, ele  nos dominava e, agora, continua a nos influenciar (Ef 2.1-3).

Muitas vezes, quando o confessamos ou desejamos lutar contra ele, o conselho bem-intencionado, mas lamentável, que recebemos de outras pessoas é: “Pare com isso!”  Se fosse tão simples, quem lutaria contra o pecado? Por que Paulo exclamou: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo desta morte? ” (Rm 7.24)?  Felizmente, a boa notícia é que há esperança e ajuda em Cristo.

Por que a batalha contra o pecado é tão árdua?
A Bíblia descreve o problema do pecado como uma guerra. Os desejos da carne guerreiam contra os desejos do Espírito. Eles se opõem um ao outro e, muitas vezes, o cristão se dá conta de estar fazendo exatamente o oposto do que se espera biblicamente que ele faça (Rm 8.5-17; Gl 5.16-26). Na analogia de Paulo, a carne refere-se a um ímpeto interior que se opõe a Deus; na verdade, é inimigo de Deus (Gl 5.17). A carne deseja o que está em oposição a Deus e à piedade. A carne encoraja o pecado, tanto que o conjunto de pecados é chamado de “obras da carne”.

O que torna a carne tão poderosa? O fato de que sempre presente. O pecado nos assedia. Paulo o chama de uma lei em guerra contra a lei de Deus (Rm 7.13-25). Como uma lei, ele obriga, exige, ameaça e quer nos constranger a fazer o que quer. Ele nos promete recompensas quando seguimos sua vontade ou comandos, e nos ameaça quando não o fazemos. É semelhante à lei da gravidade que, mesmo quando não prestamos atenção a ela especificamente, está sempre exercendo sua força contra nós.

Se você considerar um rio ou uma montanha, pecar menos e tornar-se mais parecido com Jesus Cristo na vida do dia a dia é como remar contra a correnteza ou esquiar morro acima. Ambos são extremamente difíceis, senão quase impossíveis. Felizmente, Deus não nos deixou sozinhos em nossa guerra contra o pecado. Em vez disso, à medida que buscamos honrar a Deus na vida diária, Ele trabalha em e por meio de nós para conquistar a fortaleza do pecado (Ef 2.10; Fp 2.12, 13).

A esperança surge da obra de Cristo em você
Na salvação, Cristo removeu o domínio do pecado, do velho homem que anteriormente o escravizava (Rm 6.6, 7; Cl 3.9, 10). Honrar a Deus em qualquer coisa era impossível antes da salvação. No entanto, quando você é salvo por Jesus, você se torna um novo homem para quem a impossibilidade torna-se possibilidade, a inabilidade torna-se habilidade, a incapacidade torna-se capacidade de forma que, agora, você pode viver uma vida agradável a Deus (Cl 3.12-17).

A mudança efetuada por Deus começa em seu homem interior (2Co 5.17). Deus dá a você um novo coração que deseja seguir a Sua vontade e não se submeter aos desejos da carne. Com relação à sua posição em Cristo, você recebeu uma nova vida, ressuscitou com Cristo, sua vida está oculta juntamente com Cristo, onde Cristo vive assentado à direita de Deus (Cl 3.1-4; Ef 2.4-10). Deus fez de você uma nova criação em Cristo e o equipou de maneira única para vencer o pecado e viver para Ele.

Embora você tenha sido equipado para crescer na semelhança de Cristo, viver para Jesus exige esforço. Esse processo exige concentrar-se para colocar sua mente nas coisas de Cristo (Cl 3.1-4). Ao começar a se concentrar em Cristo, você também identifica áreas em sua vida nas quais precisa de mudança como, por exemplo, em seu pensamento, suas motivações, atitudes, palavras e ações. Ao reconhecer áreas nas quais você não está honrando a Cristo, procure substituir o que você tem feito por pensamentos, motivações, atitudes, palavras e ações que honram a Cristo. O apóstolo Paulo descreve esse processo em uma série de mandamentos nos quais o cristão deve “fazer morrer” e “despir” o que é pecaminoso (Cl 3. 5-9) para se “revestir” com o que é consistente com o estilo de vida de um seguidor de Cristo (Cl 3.12-17).

Ser específico nesse processo é importante. Você percebe isso quando considera seu pecado. O pecado afeta todo o seu ser. Você conhece o gosto, o toque, a aparência, o som e o odor do pecado; você vive isso. Com a prática, você se torna cada vez mais capaz de identificar a iniquidade em sua vida. No entanto, muitos cristãos deixam de mudar, e ficam desapontados, quando negligenciam com a mesma precisão aquilo com que devem se revestir.

Duas observações: 1) apenas tirar o que é pecaminoso não é o suficiente e 2) as generalizações são inimigas da verdadeira mudança. Usando o mesmo exemplo que Paulo deu, sempre que alguém tira itens específicos de roupa, é útil e necessário colocar outros itens específicos no lugar. Relacionando o exemplo à luta contra o pecado, quando você deixa de ser específico em termos de mudança, e se contenta com chavões religiosos, clichês ou princípios gerais, o crescimento costuma ser prejudicado. Por exemplo, somente tomar a decisão de amar mais o próximo produz mudanças mínimas. Por outro lado, quando você decide amar escrevendo uma mensagem de encorajamento, dizendo uma palavra gentil, ouvindo com atenção em uma conversa ou providenciando uma refeição para o jantar, é mais provável que a mudança aconteça de fato, pois você se esforçará intencionalmente e de maneira específica para amar o seu próximo.

A esperança de vitória sobre o pecado e o progresso em se tornar mais parecido com Cristo cresce à medida que você, como alguém que está em Cristo, experimenta a obra de Cristo em você por meio do poder do Espírito

Na Parte 2, você aprenderá como a batalha dos desejos é travada no coração, como se dá a tentação e como as circunstâncias nunca o obrigam pecar.



Original: Sin: hope and help in Christ, part 1
Artigo publicado em Kevin Carson, traduzido e publicado com autorização.

Tradução: Carla Siva
Revisão e adaptação para o português: Conexão Conselho Bíblico