Brenda Pauken
Uma das promessas de maior esperança que podemos oferecer aos aconselhados presos em hábitos pecaminosos é que Deus promete nos dar uma maneira de escapar da tentação. Não importa a natureza do pecado – ira, lascívia, vícios, seja o que for – Deus é fiel em ajudar.
Leia as palavras de Paulo em 1Coríntios 10.13:
Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar.
Paulo nos garante que não experimentaremos nenhuma tentação que outros cristãos fiéis não tenham também suportado, que Deus é soberano sobre as particularidades das provações e tentações que enfrentamos e que Ele sempre nos dará uma maneira de evitar o pecado. Por que, então, os cristãos falham em se apropriar dessa promessa?
Obstáculos para encontrar esperança e ajuda na promessa de Deus
1. Falha em acreditar que a santidade é possível
Depois de muitos fracassos em resistir à tentação e evitar o pecado, é fácil acreditar que a santidade simplesmente não é possível em nosso caso. Nossa história parece provar isso! Com o tempo, começa a parecer que nossa história de fracassos é mais verdadeira do que as Escrituras. No entanto, Deus nos diz: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16). É essencial nos arrependermos de nossa incredulidade no poder de Deus para nos transformar. Devemos nos apegar à esperança segura da Palavra de Deus: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro” (1Jo 3.2, 3). Por causa da graça de Deus na vida dos crentes, temos motivo para lutar pela santidade.
2. Falha em aceitar ajuda
O pecado é vergonhoso. Não queremos que ninguém saiba com o que realmente estamos lutando nem queremos admitir que precisamos de ajuda. No entanto, a caminhada cristã não foi feita para ser percorrida sozinho. Precisamos de outros crentes para prosseguir bem. Ajudar uns aos outros na batalha contra o pecado é claramente encorajado nas Escrituras: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo” (Gl 6.1, 2). Na luta contra inimigos tão temíveis quanto Satanás e o pecado, precisamos pedir a ajuda de outras pessoas por meio da oração, confissão e prestação de contas.
3. Falha em antecipar uma rota de fuga que pode não ser fácil
Deus promete um meio para fugir da tentação, mas não promete que será fácil. Ele pode dar livramento de determinada situação ou dar a graça de suportá-la sem pecar. Com muita frequência, interpretamos a rota de fuga como um escorregador suave que nos fará cair em um colchão macio. As experiências de José em Gênesis 39 mostram que isso pode estar longe da realidade. Ele escapou da tentação de pecar com a esposa de Potifar, mas acabou na prisão por treze anos, onde enfrentou outras provações e decepções amargas. Jesus, por outro lado, teve que passar pela provação até o fim. Na cruz, Ele enfrentou a prova mais dura que um homem pode enfrentar, mas suportou olhando para Deus em vez de se afastar de Deus, e Ele pode nos ajudar em nossas tentações. Hebreus 4.15 diz: “Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado”. Quer sejamos libertos da provação ou equipados pela graça para suportá-la, não devemos esperar um caminho fácil.
Passos para se apropriar da promessa de Deus
1. Orar
A oração é uma arma para o crente. 1Tessalonicenses 5.17 nos exorta: “Orem continuamente”. Efésios 6.12 nos diz: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica”. Em uma admoestação mais direta na luta contra o pecado, Mateus 26.41 nos diz: “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. A oração deve sempre ser considerada uma defesa de primeira linha contra o pecado e a tentação.
2. Estudar o caráter de Deus
É fácil desacreditar de uma promessa quando você não confia no caráter de quem a fez. Políticos, vendedores e outras pessoas ao nosso redor treinaram-nos para o ceticismo. É preciso, portanto, estudar o caráter de Deus e ver o registro do cumprimento de Suas promessas ao longo de toda a Bíblia. No Antigo Testamento, lemos: “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm 23.19). No Novo Testamento, Paulo escreveu à igreja de Tessalônica: “Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, alma e corpo de vocês seja conservado irrepreensível na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama é fiel, e fará isso” (1Ts 5.23, 24). Ainda aos Tessalonicenses, ele também disse: “O Senhor é fiel; ele os fortalecerá e os guardará do Maligno.” (2Ts 3.3). Deus cumpre Suas promessas.
3. Estar preparado
Para enfrentar bem a provação é preciso preparar-se com antecedência e não ser pego de surpresa. As medidas e provisões para resistir em casos de emergência precisam estar a postos. Para os cristãos, isso significa desenvolver uma teologia correta, para que não sejamos tentados a acreditar que Deus nos abandonou ou que nosso sofrimento associado à tentação é um desperdício. Lembramos que o sofrimento ao sermos provados é uma ferramenta nas mãos amorosas de Deus e que será algo “leve e momentâneo” diante da glória que nos espera (2Co 4.17). Ainda assim, a dificuldade é real, por isso construímos uma comunidade de amigos sábios e tementes a Deus que oram por nós, permanecem conosco, oferecem ajuda prática e consolo bíblico, e falam a verdade cada vez que somos tentados a acreditar em uma mentira. Aprendemos a caminhar diariamente com Jesus, vivendo na certeza de que Ele está por perto, pronto para ajudar quando os desafios surgem.
Perguntas para reflexão
1- Quais tentações você enfrenta que podem levá-lo a crer que não existe uma rota de fuga?
2- Como o caráter de Deus fortalece sua crença no poder e na disposição que Ele tem para ajudá-lo em sua tentação?
3- Que passos você precisa dar para se preparar para o sofrimento associado à luta contra o pecado?
Brenda Pauken é mestre em aconselhamento pelo Westminster Theological Seminary e concluiu o programa de estágio na Christian Counseling and Educational Foundation. Ela aconselha e ensina em sua igreja local, Sterling Park Baptist Church, em Sterling, Virgínia.
Original do artigo: The Way of Escape
Artigo publicado pela Biblical Counseling Coalition. Traduzido com autorização.
Tradução e adaptação para o português por Conexão Conselho Bíblico