Última conversa: encerrando bem o aconselhamento

Pat Quinn

Um “sanduíche” de aconselhamento
Vamos pensar no processo de aconselhamento como um grande sanduíche: o pedaço de pão de cima é o encontro inicial, a primeira conversa, e o pedaço de pão de baixo é o último encontro, a conclusão. A grande “carne do meio” são todos os encontros de aconselhamento que ocorrem no meio.

Em meu estudo e treinamento, muito do que aprendi é a “carne do meio”. Ocasionalmente li sobre como conduzir um primeiro encontro, mas raramente li ou ouvi muito sobre como encerrar a sequência de encontros de aconselhamento. Na verdade, acabei de dar uma olhada nas minhas estantes de livros de aconselhamento e não vi nenhum livro específico sobre como encerrar o processo de aconselhamento. Identificando-me com isso, eu também admitiria que me sinto mais confortável e confiante em iniciar o aconselhamento do que em concluí-lo. Portanto, às vezes, tenho a tendência de prolongar muito um aconselhamento, o que não ajuda ninguém.

Quero pensar junto com você sobre como ser mais intencional e cuidadoso no que diz respeito a concluir bem um aconselhamento. Para nos orientar nesse processo, consideraremos duas perguntas:

  • Que tipo de crescimento queremos ver para encerrar a sequência de encontros de aconselhamento?
  • Que tarefas práticas finais podem facilitar um “encerramento objetivo e esperançoso”?

Que tipo de crescimento?
Um modelo útil para considerar o crescimento do aconselhamento pode vir da oração de Paulo em Colossenses 1.9-14:

Por esta razão, também nós, desde o dia em que soubemos disso, não deixamos de orar por vocês e de pedir que transbordem do pleno conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual. Dessa maneira, poderão viver de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus. Assim, vocês serão fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e paciência, com alegria, dando graças ao Pai, que os capacitou a participar da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a remissão dos pecados.

Com base nesta oração, que expressa o desejo de Paulo de ver crescimento espiritual, proponho cinco perguntas de avaliação nas quais podemos refletir para considerar de maneira mais objetiva o quanto um aconselhado está pronto para encerrarmos uma sequência de encontros de aconselhamento:

  1. “Pleno conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual” – existe uma compreensão crescente das verdades bíblicas relevantes e a capacidade de associá-las às próprias lutas com o pecado e o sofrimento?
  2. “Viver de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra” – com base em sua nova compreensão da graça e da verdade do evangelho, como o aconselhado está crescendo na santidade diária e no amor por Deus e pelos outros?
  3. “Serão fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e paciência, com alegria” – o aconselhado está aprendendo a depender continuamente de Cristo para ser capaz de suportar as provações pela fé e com a alegria de sua salvação?
  4. “Dando graças ao Pai” – existe uma notável “atitude de gratidão” a Deus pela Sua graça no presente e pela glória futura em Cristo e como ela se manifesta?
  5. “Em quem temos a redenção, a remissão dos pecados” – o aconselhado está se alegrando com o perdão imerecido que recebeu e concedendo perdão a outros?

Duas Tarefas Finais de Avaliação e Estratégia
Quando parecer que o aconselhado apresentou crescimento suficiente para encerrar o tempo de aconselhamento, estas duas tarefas finais proporcionam uma oportunidade para encerrar o aconselhamento de forma positiva. Costumo passar a tarefa e explicar que a repassaremos juntos durante nosso último encontro.

Tarefa 1: “CEO”
Esta tarefa é bastante simples e adequada especialmente para aconselhados que são mais capazes de se autodirigir e não precisam receber algo tão detalhado. Eu os instruiria a escrever suas reflexões de aconselhamento usando as letras “CEO”.

  • C: como resultado de nossas conversas de aconselhamento e do que você leu e teve oportunidade de refletir, o que você está sendo chamado para crer a respeitos de Deus, de você mesmo e da vida em Cristo à medida que prosseguir sua vida?
  • E: o que você espera que será fácil ou difícil em seu caminho daqui para frente à medida que procurar viver sua identidade e chamado em Cristo?
  • O: quais objetivos Deus o chama a alcançar à medida que você prossegue, e quais as implicações disso?

Tarefa 2: “Autoavaliação e Estratégia”
Esta tarefa é mais detalhada e direcionada. O aconselhado deve responder às perguntas em oração e com honestidade.
1- Ao considerar o que você leu e as nossas conversas, o que você aprendeu sobre:

  • Deus:
  • Você mesmo:
  • A relevância do evangelho para sua vida:

2- O que você precisa aprender mais e/ou esclarecer melhor? O que você fará com relação a isso?
3- Quais mudanças você viu em sua vida durante o período de aconselhamento?
4- Quais áreas da sua vida ainda precisam de mudança?
5- Quais estratégias – estudo da Bíblia, livros cristãos, oração, pedir a ajuda de outras pessoas, comunhão, adoração, serviço etc. – você usará para continuar a crescer nas seguintes áreas:

  • sair da tolice e da escravidão de refúgios escravizadores e se voltar para a sabedoria e liberdade que seu Pai Celestial lhe proporciona.
  • buscar um relacionamento íntimo com Jesus e encontrar segurança e vida nele.
  • nutrir uma comunicação honesta e calorosa com sua esposa e crescer em amor e cuidado para com ela (Efésios 5.29).
  • crescer como líder servo de sua família.
  • ter certeza de sua salvação baseada na compreensão do evangelho e da justificação pela fé, que capacita para a santificação.
  • superar a impureza sexual correndo para Cristo crucificado quando tentado, considerando-se morto para o pecado e buscando a justiça. planejar seus dias e semanas lembrando que é um discípulo de Cristo

6- Escreva uma oração, incluindo agradecimento e louvor, confissão e petição.

Encerrando de maneira objetiva e esperançosa
Conforme afirmei acima, os encontros de aconselhamento devem chegar ao fim com uma percepção de “encerramento objetivo e esperançoso”. Deve haver uma constatação encorajadora de que há por parte do aconselhado um crescimento centrado em Cristo, um olhar para o futuro que espera desafios e dificuldades, mas, em última análise, uma confiança no caminho a seguir com Cristo e na presença e no poder do Bom Pastor.

Perguntas para reflexão

  1. O que você aprendeu sobre como encerrar bem uma sequência de encontros de aconselhamento, e o que foi mais útil para você?
  2. Na prática, como esta leitura melhorará sua forma de encerrar uma sequência de encontros de aconselhamento?

Pat Quinn é responsável pelo ministério de aconselhamento na University Reformed Church em East Lansing, Michigan, onde aplica seu amor pelo evangelho ao aconselhamento e treinamento de conselheiros, e também serve na liderança espiritual e ensino. É formado pela Michigan State University e Calvin College, e recebeu treinamento em aconselhamento na Christian Counseling and Educational Foundation (CCEF). É membro do conselho da Biblical Counseling Coalition.


Original do artigo: Ending Counseling Well
Artigo publicado pela Biblical Counseling Coalition.  Traduzido com autorização.