Vários assuntos são tratados claramente na Palavra de Deus. Preto no branco. Não temos dúvida sobre ser errado mentir, roubar, adulterar, andar ansioso, entre outros. No entanto, existem alguns aspectos relacionados à liberdade cristã que caem no que costumamos chamar de “áreas cinzentas” — assuntos dos quais a Bíblia não trata diretamente. Que tipo de música ou filme é aceitável para o cristão? Existem alguns empregos que não são recomendáveis? Quais os limites do cristão no Facebook? Como um cristão deve se vestir, como deve gastar seu tempo livre ou o que deve ou não comer e beber? Embora sejamos livres em Cristo, precisamos tomar muito cuidado e considerar com as nossas escolhas afetam a nós e também aqueles que estão ao nosso redor.
Não vamos viver debaixo do temor a homens, e permitir que o medo de críticas controle nossa conduta, mas precisamos vigiar para que a nossa influência leve os outros mais para perto de Cristo. A Bíblia não lista respostas específicas para todas as decisões com que nos deparamos no dia-a-dia, mas temos princípios bíblicos que oferecem orientação segura para cada decisão a tomar.
Em What to Do in the Gray Areas, John MacArthur destaca sete perguntas que podemos fazer para tomar decisões dentro da liberdade cristã. Aqui você tem um resumo do percurso que pode ajudar a testar uma decisão. O artigo completo você encontra em Grace toYou.
1. Minha escolha traz benefícios espirituais?
Tudo é permitido, mas nem tudo convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica. (1Co 10.23)
Algo que “convém” é útil, proveitoso ou conveniente para você, e o significado de “edificar” é crescer na vida espiritual. Com base neste versículo, pergunte a si mesmo: “Essa escolha promoverá meu crescimento espiritual? Vou cultivar a piedade e o temor a Deus?”. Se a resposta for não, você deve questionar seriamente se está diante da melhor escolha.
2. Minha escolha pode resultar em um hábito escravizador?
Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine. (1Co 6.12)
Na segunda parte deste versículo, Paulo diz: “Eu não me colocarei debaixo do poder controlador de coisa alguma”. Se aquilo que você está considerando pode resultar na formação de um hábito que controlará a sua vida, por que fazer essa escolha? Não se deixe escravizar por coisa alguma. Você é um servo do Senhor Jesus Cristo, e somente dEle.
3. Minha escolha desonra o templo de Deus?
Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo. (1Co 6.19-20)
Não faça nada que você sabe que pode prejudicar o seu corpo ou desonrar o instrumento que você possui para glorificar a Deus. Romanos 6.13 diz: “Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça”. As escolhas que você faz com relação ao uso do seu corpo devem refletir sempre a sua preocupação de honrar a Jesus Cristo.
4. Minha escolha pode levar alguém a tropeçar?
A comida, porém, não nos torna aceitáveis diante de Deus; não seremos piores se não comermos, nem melhores se comermos. Contudo, tenham cuidado para que o exercício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos. (1Co 8.8-9)
Este é o princípio do amor. Conforme Romanos 13.10, “O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei”. Se você sabe que sua escolha − aquilo que você considera “dentro dos limites da liberdade cristã” e aprovado − faz com que outro cristão tropece e peque, então ame suficientemente seu irmão ou irmã em Cristo para restringir a sua liberdade. Isso não é muito popular em nossa sociedade egocêntrica, mas é bíblico. Continuar a desfrutar de uma liberdade legítima, que porém causa problemas para outro cristão, é pecado. “Quando você peca contra seus irmãos dessa maneira, ferindo a consciência fraca deles, peca contra Cristo”. Paulo exemplifica: “Portanto, se aquilo que eu como leva o meu irmão a pecar, nunca mais comerei carne, para não fazer meu irmão tropeçar” (1Co 8.12-13).
5. Minha escolha promove o Evangelho?
Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus. Também eu procuro agradar a todos, de todas as formas. Porque não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos. (1Co 10.32-33)
O seu comportamento − o que você faz ou deixa de faz − afeta o seu testemunho cristão diante dos outros, quer você esteja ciente ou não de que está sendo observado. O seu testemunho é aquilo que a sua vida diz a respeito de Deus. As escolhas que você faz nas “áreas cinzentas” devem refletir a sua preocupação com não ofender a reputação de Deus, mas promover a Sua glória.
6. Minha escolha viola a minha consciência?
Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé; e tudo o que não provém da fé é pecado. (Ro 14.23)
1Coríntios 10.25-29 contém três referências sobre abster-se de uma determinada prática “por causa da consciência”. Se a sua consciência está incomodada com o que você considera fazer, não faça. Se você não está seguro do que vai fazer, não faça. O valor de uma consciência limpa é inestimável. Vale a pena manter a consciência limpa para que o seu relacionamento com Deus não seja prejudicado. Pelo estudo da Palavra de Deus, e em oração, você vai instruir corretamente a sua consciência para que possa “viver como filho da luz… e aprender a discernir o que é agradável ao Senhor” (Ef 5.8,10).
7. Minha escolha glorifica a Deus?
Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. (1Co 10.31).
Este versículo é claramente tanto o resumo como o alvo de todos os princípios acima. O seu coração clama por glorificar nosso Senhor e Salvador no viver diário? Então, avalie a sua decisão. Deus será glorificado, honrado e louvado por meio dela? Que possamos nos unir a Jesus e dizer: “Eu Te glorifiquei na terra” (Jo 17.4).