Kevin Carson
Essa pergunta é uma das que ouço frequentemente por parte daqueles que desejam expressar melhor seu amor. As palavras exatas variam de pessoa para pessoa, mas o ponto central permanece o mesmo: “Preciso conhecer as linguagens do amor para saber como melhor amar a outra pessoa?” Respondi a essa pergunta vários anos atrás, mas ela foi trazida de novo à minha atenção recentemente.
O vocabulário das linguagens do amor resultou inicialmente da obra seminal de Gary Chapman As Cinco Linguagens do Amor: como expressar um compromisso de amor a seu cônjuge. Desde o lançamento em 1992, Chapman escreveu vários livros abordando especificamente as linguagens do amor para maridos, esposas, pais e adolescentes.[1]
Então, você precisa conhecer as linguagens do amor para saber como melhor amar alguém? Resposta curta, não. Entretanto, não é assim tão simples. Existem alguns pontos fortes e fracos subjacentes ao conceito de linguagens do amor que você precisa considerar se deseja amar outra pessoa da melhor forma possível.
As cinco linguagens do amor
Chapman sugere que cada pessoa funciona primariamente por meio de uma das cinco linguagens do amor (5LA): 1) palavras de afirmação, 2) tempo de qualidade, 3) presentes, 4) atos de serviço e 5) toque físico. Estas 5LA estabelecem para Chapman um resumo básico de como os indivíduos são propensos a receber o amor de outra pessoa. Para criar essas categorias específicas, Chapman apoiou-se em suas observações pessoais e nas pesquisas disponíveis. Os 5LA não são explicitamente extraídas das Escrituras. Em vez disso, elas são sua conclusão estimativa pela observação de como as pessoas funcionam no que se refere ao amor.
Quais são os pontos fortes a se considerar nas linguagens do amor?
Embora seja verdade que você pode amar mesmo sem conhecer as 5LA, como as pessoas fizeram por séculos antes de 1992, há alguma sabedoria no que Chapman sugere.
Inicialmente, as 5LA lembram-nos que somos todos diferentes e, portanto, expressamos e recebemos amor de maneiras potencialmente diferentes. Investir tempo em refletir sobre a pessoa que você ama, buscando insights para discernir como ele ou ela pode ser melhor amada, beneficia você e, possivelmente, o relacionamento entre vocês.
Além disso, vale a pena considerar em pormenores como você expressa o seu amor. É fácil cair na armadilha de presumir que a maneira de você se sentir amado é exatamente a mesma maneira do outro também se sentir amado. Potencialmente, seus melhores esforços para compartilhar seu amor ficam, na verdade, aquém de comunicar a extensão real do seu amor, porque seu amor não é recebido da mesma forma em que é dado. Muitos de nós podem usar as ideias e sugestões contidas nas 5LA para ajudar a ter iniciativas, criatividade e perseverança para amar da melhor forma possível.
Potencialmente, o maior ponto forte é que os indivíduos podem amar mais cuidadosamente. Com que frequência fazemos realmente boas perguntas como: “O que será de fato bênção para a outra pessoa?”, “Quais são os interesses dessa pessoa?”, “O que ela mais aprecia?”, “O que parece deixá-la mais feliz?”.
Quais são os pontos fracos a se considerar nas linguagens do amor?
Por causa da brevidade deste artigo, mencionarei apenas três. Primeiro, muitas pessoas olharam para as 5LA como um método infalível para a felicidade relacional. O pensamento se parece com este: “Se eu falar sua linguagem de amor e ela ficar satisfeita, então eu vou conseguir o que eu quero”. É uma versão de “Você coça as minhas costas e eu coço as suas”. O problema que há nesse cenário, evidentemente, é o coração egoísta do indivíduo, e não é inerentemente um problema de entender mal as várias maneiras de expressar amor a outra pessoa.
Em segundo lugar, considere quando uma pessoa “descobre” a linguagem de amor da outra e presume que o trabalho está terminado. “Agora que conheço a sua linguagem de amor, é assim que vou expressar o meu amor.” É impossível confinar a ideia de compartilhar o amor com outra pessoa ao uso de apenas uma linguagem. David Powlison nos desafiou a lembrar que o amor fala muitas línguas fluentemente.[2]
Em terceiro lugar, Chapman sugere que o problema básico nos relacionamentos é fundamentalmente um tanque de amor emocional vazio (cap. 2). Sem dúvida, há grandes bênçãos e muitos benefícios na satisfação emocional. Por exemplo, a satisfação emocional geralmente encoraja maior paciência, bondade e perseverança. No entanto, a impaciência e as palavras duras não são causadas ou não são simplesmente o resultado de um tanque de amor vazio. Elas são expressões de um coração pecaminoso. Jesus ensinou que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12.34b; cf. Lucas 6.45).
E então, você precisa conhecer as linguagens do amor para saber como melhor amar alguém?
Não. Contudo, devemos procurar amar com toda a sabedoria e criatividade que as Escrituras demonstram e exigem. Devemos amar como Cristo amou – sacrificialmente (Efésios 5.1, 2). As 5LA de Chapman podem nos dar alguns insights valiosos e nos ajudar a ser mais criativos no processo de amar.
Original: Do you need to know about love languages to love someone well?
Artigo publicado pela Kevin Carson
Tradução: Carla Silva
Revisão e adaptação: Conexão Conselho Bíblico
[1] NdT. A obra original de Gary Chapman, The five love languages: how to express heartfelt commitment to your mate (Chicago: Northfield Publishing, 1992, 2015), é publicada no Brasil pela Editora Mundo Cristão, e já está em sua terceira edição em português (2013). Mais recentemente, aos livros dirigidos ao casal, aos pais e aos adolescentes, foram acrescentados livros abordando respectivamente as linguagens de amor para homens, crianças, solteiros e colegas de trabalho, todos de ampla divulgação no Brasil.
[2] “O amor fala muitas línguas” em David Powlison. Uma nova visão (São Paulo: Cultura Cristã, 2010. pp. 215-228).