Comida, corpo e idolatria

Uma série em quatro partes por Rob Green

Somos muito bons em criar ídolos na nossa vida. Você já percebeu isso? Certa vez, Calvino escreveu que o coração humano é uma fábrica de ídolos. A idolatria é parte das obras da carne em Gálatas 5.20. Para muitos, uma das áreas em questão é a idolatria da comida e do corpo. De fato, as maneiras pelas quais podemos fazer da comida ou do corpo um ídolo são praticamente infinitas.

A série “Comida, corpo e idolatria”, em quatro artigos, oferece noções introdutórias para desvendar essa questão desafiadora em nossa cultura.   

Gula: encontrando alegria e satisfação na comida
Todos nós já ouvimos falar nas estatísticas. O sobrepeso e a obesidade são um dos maiores problemas de saúde pública do mundo ocidental. Assim como é possível ter uma excelente condição financeira e ser uma pessoa piedosa, também é possível ter sobrepeso e ser uma pessoa piedosa porque é verdade que nem todos nós fomos abençoados com um metabolismo acelerado. No entanto, de nada serviria desculpar todo e qualquer sobrepeso atribuindo a responsabilidade a um metabolismo lento.  O fato mesmo é que muitas pessoas adoram a comida mais do que adoram a Deus. Muitas pessoas amam a comida e a alegria que ela traz mais do que amam a Cristo e a alegria que Ele traz. Como ajudá-las? Consideraremos o que a Bíblia diz sobre a questão da gula.

Imagem corporal: encontrando alegria e satisfação em ter as medidas certas
Outra maneira de a comida e o corpo tornam-se ídolos é pensarmos que cuidar bem do nosso corpo equivale a conseguir ter o tipo de corpo ideal de acordo com a nossa cultura. As mulheres, obviamente, veem comerciais cujas imagens comunicam que ser atraente é ser magra. Portanto, desde meninas elas podem estabelecer um conjunto de medidas que se corpo deve atingir com base na cultura. A mesma ideia vale para os homens. Eles podem não ter um conjunto padrão de medidas, mas certamente têm uma “imagem” que os impulsiona, e basta ir a qualquer academia de ginástica para descobrir que alguns são tentados a adorar o próprio corpo. A maneira com que a adoração da imagem corporal acontece é bastante variada. Alguns nutrem sua idolatria na academia. Outros restringem a comida para garantir que as calorias ingeridas garantam a perda de peso contínua. Outros ainda comem normalmente, mas se forçam a vomitar, enquanto há aqueles que usam uma combinação de todos esses métodos para produzir os resultados desejados.

Imagem corporal: encontrando alegria e satisfação nos elogios recebidos
Para muitos, ter uma imagem corporal de acordo com os padrões definidos pela sociedade, é considerado crucial para encontrar ou satisfazer o cônjuge, ser aceito em um grupo, ser bem visto pelos outros e receber elogios. Os mesmos mecanismos podem estar em vigor – restringir a comida, fazer exercícios, comer compulsivamente e vomitar –, mas agora a motivação para lançar mão desses mecanismos é diferente.

Restrição da comida: encontrando alegria e satisfação em exercer o controle
O quarto artigo trata da restrição da comida para demonstrar alguma medida de controle. Em outras palavras, o ídolo é o controle e a comida é simplesmente é o objeto de controle. Essas pessoas encontram alegria e satisfação não em estar com fome nem na perda de peso e muito menos em atrair os elogios dos amigos. A restrição alimentar é simplesmente o meio de exercer controle sobre aquilo que comem e o quanto pesam.

Cada uma dessas quatro questões requer intervenção e ajuda de diferentes maneiras e em intensidade variada dependendo da profundidade da idolatria e da extensão em que ela cresceu sem ser contida. O abandono dessa idolatria não é fácil. A pressão da sociedade, a disponibilidade de alimentos e as falsas promessas feitas pelos “ídolos” são muito tentadoras. Esta série de artigos dá noções básicas de como o conselheiro pode ajudar.


Rob Green supervisiona os ministérios de aconselhamento bíblico na Faith Church, em Lafayette, IN. Ele também exerce um ministério de ensino em conferências de treinamento e no programa de mestrado MABC do Faith Bible Seminary.


Publicado em Counseling with Confidence and Compassion – Faith Biblical Counseling
Tradução e adaptação: Conexão Conselho Bíblico